Se dúvidas houvesse sobre a polémica da contratação de Sérgio Figueiredo para ocupar o cargo de consultor de políticas públicas, elas ficaram agora totalmente dissipadas. A “ necessidade específica “ do cargo que era atribuído a Sérgio Paulo Jacob Figueiredo, ex-diretor de informação da TVI, como o próprio ministro das Finanças a caracterizou, deixou de a ser.
Ao que se sabe, o lugar está vago mas também não vai ser ocupado por ninguém.
A contratação tinha a seguinte justificação: a “melhoria da qualidade da decisão através do contacto regular e informado com os principais agentes económicos e sociais do país é uma necessidade específica do Ministério das Finanças, que acrescenta às avaliações já desenvolvidas por outros organismos públicos”.
A tal “necessidade” deu lugar a uma certeza: tudo isto não passou de um pagamento de favores à conta dos contribuintes portugueses.
Com o encerrar da polémica coloca-se a verdadeira questão: que legitimidade e confiança podem ter os portugueses num ministro que num dia acorda e entende que há uma necessidade específica de um gasto de dinheiro público (o dinheiro dos nossos impostos) e no outro conclui que afinal já não é preciso?
Vou mais longe. Que competências terá Fernando Medina para continuar no cargo e gerir as finanças públicas? Nenhuma. Repito, nenhuma. E é fácil demonstrar porquê, bastando uma só razão.
Nenhum político poderá inventar cargos para os amigos a fim de pagar favores pessoais com dinheiro dos nossos impostos, e só este simples facto deveria ser suficiente para que Fernando Medina saísse de imediato do governo.
Seria assim num país em que se levasse a sério a política. Poderão dizer que a demissão do actual ministro das Finanças seria de alguma forma a legitimação da polémica, significando isto que de facto o caso teria o seu fundamento tal como hoje o analisamos, mas o que verdadeiramente transparece é que o cargo que Sérgio Figueiredo ocuparia era de facto desnecessário e não passou de um pagamento de favores.
A não ser assim, qual a razão deste súbito recuo na “necessidade específica”? A esta pergunta nunca poderemos responder pela simples razão de não existir fundamento lógico e racional para uma cabal de explicação.
Isto que Fernando Medina inventou é só mais uma prova de tudo aquilo que se disse e se escreveu sobre esta matéria. Existia de facto uma “necessidade específica” de pagar um favor a alguém específico e ficamos todos a saber de forma clara e objetiva que tudo não passou de uma grande treta que seria paga por todos nós. Como todos as tretas do socialismo, alguém terá de pagar por elas e esta seria só mais uma.