O lema de António Costa em 2015, ano em que, perdendo eleições, se tornou primeiro-ministro, foi “virar a página da austeridade”. Com a saída da Troika e depois das dificuldades com que parte dos portugueses se depararam, a expectativa criada é que o PS tinha, por fim, encontrado a fórmula mágica de pôr as contas em ordem e ao mesmo tempo melhorar o rendimento disponível das famílias portuguesas e, de caminho, salvar os serviços públicos como a saúde e a educação dos perigosos “neoliberais”. E se em 2015 o PS precisou de derrubar o muro à sua esquerda, em 2022 isso já não foi necessário, o PS governa com uma maioria absoluta que ninguém previa e que suspeito o Dr. António Costa não desejava. Porquê? Porque agora tem mesmo de governar e, para o bem e para o mal, não tem ninguém a quem possa responsabilizar caso as coisas não corram bem, e de facto, não vai ficar tudo bem, vai mesmo ficar tudo muito mal.
O PS prometeu “virar a página da austeridade”, esqueceu-se foi de dizer para que lado a página viraria. O mesmo quer dizer que em vez dessa austeridade ter ficado lá atrás, ela está hoje mais presente do que nunca, faz parte da vida de cada vez mais portugueses, estamos hoje mais pobres do que estávamos antes de 2015, antes de António Costa tomar posse. E por favor Dr. António Costa, não responsabilize a pandemia ou a guerra, assuma por uma vez a sua responsabilidade.
De acordo com o site pordata, a taxa de intensidade de pobreza passou de 26,7% em 2015 para 27.1% em 2020, isto significa que em 2020, metade das famílias pobres viviam com um rendimento inferior a 404 euros, na prática os mais pobres ficaram ainda mais pobres. O título de uma notícia do site Dinheiro Vivo é avassalador: “Portugal teve em 2020 a maior subida de sempre na taxa de pobreza”. Reforço, porque nunca é demais salientar, durante um governo do PS, o tal que ia “virar a página da austeridade”, a taxa de pobreza teve o seu maior aumento de sempre. É obra!
A notícia acrescenta: “Observa-se também um aumento substancial da taxa de risco de pobreza entre quem trabalha, que passou dos 9,6% aos 11,2%, atingindo o máximo de uma década”. Ou seja, trabalhar deixou de ter um efeito protector no risco de pobreza.
A desigualdade de rendimentos também aumentou no país, curiosamente depois de um governo do PS apoiado no parlamento por PCP e BE. Diz então a notícia: “A desigualdade também aumentou no país. E substancialmente. Segundo os dados do INE, os 20% mais ricos tiveram no último ano rendimentos 5,7 vezes maiores do que a população mais pobre, quando um ano antes essa diferença de rendimento exprimia-se em cinco vezes apenas. A ampliação das desigualdades também inverte uma tendência de melhorias que se verificava desde 2017”.
Resumindo, depois de governos do PS, apoiados inicialmente por PCP e BE no parlamento e agora com maioria absoluta, o resultado é que os portugueses estão mais pobres do que estavam em 2015 e a desigualdade aumentou. E por mais manipulem os números e mais maquilhagem que ponham no Excel, esta é a verdade. António Costa já percebeu que falhou o seu principal objectivo, deixará um país mais frágil que aquele que encontrou, um país muito mais pobre.
O caminho passará necessariamente por políticas que aumentem a riqueza produzida, atraiam investimento e mantenham a despesa controlada, sem com isso falhar aos mais pobres. Nesta conjuntura é natural que os extremos cresçam, caberá à alternativa moderada mostrar que está à altura deste tempo.