A Jornada Mundial da Juventude não correu bem. Correu muito bem! Os nossos jovens diriam desabridamente: super bem ou bué de bem!

E este facto indesmentível distingue em especial o povo português, que, com reconhecidos défices de planeamento tão típicos dos países do Sul da Europa, tem de sobra a generosidade, o improviso e a dedicação às causas em que acredita.

O povo português é maioritariamente cristão e católico. E por isso é normal que nos tenhamos mobilizado com tanta determinação e, principalmente, com tanta alegria. Dos muitos cantos do mundo vieram muitos, muitos jovens numa prova de fé, sim, mas também de inquietude e de procura.

E Portugal foi mesmo o ponto de encontro dessa ânsia de procura, dessa necessidade de um sobressalto cívico e espiritual que dê sentido àquilo que somos e ao caminho que queremos construir.

Para trás ficaram as críticas – de um palco que afinal parecia pequeno, simples e despojado. De um dinheiro público que se fundamentou na recuperação de um espaço que é nobre e que fica a servir a região. E na marca Portugal que se viu catapultada pelos milhares de horas de media de que beneficiou, um pouco por todo o mundo.

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Não sou daqueles que desprezam o impacto económico ou que o subalternizam. Duvido que contas feitas, e apesar da comprovada ineficiência do Estado neste tipo de realizações, o saldo económico e financeiro não seja, pelo menos a prazo, sempre positivo para Portugal. Mas também sou dos que defendem que projetos como este não têm preço pelo bem que fazem à nossa sanidade mental e espiritual, pelo sentido aspiracional que dão aos nossos jovens e pelo reconhecimento que o Mundo fará ao bem fazer português.

Mas eis que quando tudo parecia consensual, começaram a brotar daqui e dali pequenos arrufos. E quando de tão pequenos não pareciam beliscar ninguém, passamos a ter vozes descontroladas e enfurecidas, que não conseguiam sequer esconder o sentimento de mau perder que as ia consumindo. Não falo de ajustes diretos. Os legais e os ilegais são feitos diariamente pela administração central e regional, por instituições públicas e privadas que usam o dinheiro do Estado. Não falo em condições que deixaram de ser proporcionadas a alguns grupos de cidadãos que não tiveram liberdade total de deslocação e conforto nestes dias, ou até de deficientes condições de trabalho dos muitos que estiveram envolvidos nas operações para que tudo acontecesse. Não falo disso, nem das tensões entre protagonistas da esquerda e da direita. Mas no final de tudo acho que vale a pena dizer que julgo eloquentes e justificativos de uma boa reflexão de todos os portugueses as atitudes extremistas do Chega e do Bloco de Esquerda, muito mais interessados em destruir do que em construir, em desfazer do que em fazer Portugal.

Falo em especial de Joana Amaral Dias e do arrepiante testemunho de raiva e de acrimónia dado numa intervenção televisiva com Sebastião Bugalho num dos canais televisivos generalistas. Sebastião Bugalho que, diga-se, com enorme elegância, sorria e desculpava a sua habitual arguente por um provável dia mau porque estava a passar. Não estava, não! Joana Amaral Dias representa um grupo de portugueses cheios de si próprios – urbanos, sindicalistas, defensores acérrimos da diferença, paladinos de uma liberdade que começa e acaba nos limites estreitos do que preconizam para o Mundo. Sem fé que nos anime, sem esperança que nos enleve e sem Amor que nos proteja.

Por isso, Santo Padre, não seremos todos! Percebo o sentido de inclusão, mas todos, todos, todos, não é simplesmente possível!

Fica-nos para sempre a imagem da alegria transbordante da juventude de todo o mundo, da bondade infinita do Papa Francisco e com elas, o sonho de um futuro que sobreviverá a todas as misérias!