Há já muitos anos quando Gonçalo Ribeiro Teles e os fundadores principais do partido, saíram do Partido Popular Monárquico, advoguei que o PPM tinha morrido. E, digamos, morria tranquilamente, de morte natural, porque tinha cumprido um papel relevante na consolidação da democracia portuguesa, inovador na forma como chamou pela primeira vez a atenção para a defesa do Ambiente e diferenciador ao pugnar por um modelo de regime que foi o nosso em 90 por cento da nossa história e em 100 por cento da nossa melhor História como País e como Nação.

A morte tranquila vinha emendar o erro de muitos monárquicos (entre os quais eu me incluo) por não terem resistido à tentação de fundar um partido. Pareceu a todos nesse longínquo 1974 que era a forma de ter voz e palco para mostrar o que éramos e para ajudar a democracia nas sua evidentes fragilidades e exposição aos extremismos comunistas.

Não considero, pois, que exista uma sobrevida no PPM que mereça a pena ser relevada por ninguém. Porque ela traduz um apoucamento de tudo, até do que mais essencial preconiza a ideia de política e de serviço público.

Alguém foi a hasta pública licitar os parcos despojos de um defunto que já vivia num estertor desalentado e opaco. Alguém, claro, com motivações pouco claras ligados ao palco, à música, à vontade de vender discos, não sei a origem certamente nebulosa das motivações.

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A verdade é que a sua irrelevância só teve intermitências por ingenuidade dos partidos ditos do regime. De facto, há uma confusão entre o Movimento Monárquico e o PPM que dá muito jeito à República. Porque esconde o facto de a República ter sido imposta aos portugueses na sequência histórica do assassinato bárbaro do Rei e do Príncipe herdeiro. E que perpetua essa atitude antidemocrática ao impor pela Constituição (da República) essa específica forma de regime. A própria Monarquia Constitucional nunca se atreveu a fazer tal coisa, tolerando a existência de um partido republicano que sempre foi marginal porque nunca foi opção dos portugueses. É irónico que quem tanto se queixa do sufrágio para criticar a Monarquia sempre tenha fugido do sufrágio para a sua própria legitimação.

Mas regressemos ao PPM. Claro que há uma perceção de que existem muitos portugueses com simpatia pela forma monárquica de regime. Uma perceção comprovada, de resto, por diversas sondagens realizadas nos últimos anos. O que é significativo se pensarmos que ao contrário há muito poucos portugueses que se mostram apologistas convictos e esclarecidos da forma republicana de regime. Afinal de que república? A primeira de cariz anárquico e anticlerical? a segunda de cariz ditatorial? Ou a terceira em que a democracia ficou refém de um sistema partidário clientelista e pouco amigo do mérito, da ética e da responsabilidade?

Como o casamento da Infanta Dona Francisca mostrou, existe uma afetividade pela Monarquia e pelo que ela representa, como referencial histórico, cultural e de identidade dos portugueses, que a República não consegue gerar. Talvez por isso os partidos da direita democrática se lembrem do PPM pensando que podem captar o voto dos monárquicos.

Acho sinceramente que ter o PPM em qualquer coligação, põe em risco, ao contrário do que se possa pensar, o voto dos muitos simpatizantes monárquicos que conhecem bem esta diferença. E que sabem bem que existem monárquicos em todos os partidos.

Ter o PPM numa coligação é antes um sinal de apoucamento, pelo lado frágil quase folclórico dos seus atuais protagonistas. O PPM morreu enquanto ensaio de um partido que quis chamar a atenção para a alternativa que o regime monárquico proporciona na qualificação e moderação das democracias.

E com essa morte o que ficou foi um Movimento vivo, moderno, unido em torno da nossa Família Real que consegue agregar monárquicos de todas as sensibilidades.

A Aliança Democrática, parece que apenas para manter o nome, não merecia pelo projeto que tem e pela alternativa válida que apresenta aos portugueses, ficar amarrada a este embaraçoso defunto que nada de válido ou de meramente tangível representa!

Conselho Superior da Causa Real