Creio que que terá sido R.W. Emerson que escreveu um dia que a liberdade não é o direito de vivermos como quisermos, mas de descobrirmos como devemos viver.
No ano em que se celebram 50 anos sobre a Revolução dos Cravos, a frase ganha um significado particular e urgente.
Num país onde cada metro quadrado está repleto de património histórico e cultural, repleto de beleza e biodiversidade, é imperativo que nos empenhemos num espírito semelhante ao que presidiu ao 25 de abril de 1974 – uma revolução feita pelo povo português para promover a democracia, uma revolução onde escolhemos como deveríamos viver.
Há uma nova revolução que chegou com hora para se cumprir. Um novo 25 de Abril pela salvaguarda do ambiente e do futuro das gerações vindouras.
É chegado o momento de uma revolução pela liberdade ambiental – libertar os nossos recursos e o nosso património ambiental de ameaças de escassez e extinção.
É chegada a hora de forjar um firme compromisso para cumprir as metas da reciclagem, apoiado numa verdadeira união de esforços para um bem comum, afastando-nos de debates estéreis focados na defesa de interesses próprios.
O recente Regime Unificado dos Fluxos Específicos de Resíduos representa um passo positivo, mas não é suficiente. Precisamos de uma abordagem integrada, que envolva todos os intervenientes da cadeia de valor, desde os produtores até aos recicladores, municípios, sistemas de gestão de resíduos urbanos, indústria e todos os cidadãos.
É chegada a hora de repensarmos o nosso modelo de gestão de resíduos e de o colocarmos ao serviço do cidadão e do cumprimento de metas. Temos de investir em infraestruturas modernas e tecnologicamente avançadas, que otimizem a recolha e tratamento dos resíduos.
A atribuição das próximas licenças às entidades gestoras deve, assim, ser feita num quadro claro e transparente, promovendo a concorrência e a excelência operacional.
É chegada a hora de apostar na inovação, como na rastreabilidade digital enquanto ferramenta crucial na transição para uma economia circular.
É chegada a hora de adotar modelos de produção mais conscientes, que minimizem o desperdício e maximizem a valorização dos recursos.
A Revolução de Abril ensinou-nos que cada um de nós deve assumir um papel para com o bem-estar do País, conscientes da nossa responsabilidade em agir com determinação e coragem.
Em suma, a nova Revolução pela Liberdade Ambiental tem de ser um acordar para a forma como consumimos, como escolhemos viver – ou sobreviver. Assumindo escolhas comuns, agindo de forma pragmática e focando-nos nas metas que temos de atingir. Porque esta revolução é para o bem de todos, e feita em nome da liberdade ambiental de todos.