Quem não se lembra do carismático vídeo do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa quando Portugal foi nomeado, em Janeiro de 2019, anfitrião das próximas Jornadas Mundiais da Juventude? “Conseguimos! Portugal! Lisboa! Esperávamos, desejávamos, conseguimos! Vitória!”. Passados quatro anos, começa aquele em que Portugal se estreia como anfitrião de um dos maiores encontros de jovens à escala global. O monumental encontro com o Papa estava previsto para o Verão de 2022, mas, em Abril de 2020, Francisco, num ato prudente devido à incerteza que reinava no princípio da crise pandémica, decidiu adiá-lo por um ano. O evento decorrerá na primeira semana de Agosto e trará vida à capital como nunca antes visto (arrisco-me a dizer).

Na altura da nomeação, o Presidente referiu que era importante para o Vaticano escolher um local que permitisse aos jovens do continente africano (único continente onde as JMJ nunca se realizaram) participarem no evento mais facilmente. Lisboa foi assim a feliz contemplada para continuar a apelidada de “mais bela invenção de João Paulo II”, que criou as jornadas em 1985, após convocar, no ano anterior, um encontro de jovens em Roma para o qual eram esperados 60 mil participantes, mas apareceram 250 mil.

Excluindo as duas primeiras edições, que contaram com cerca de 300 mil participantes cada, a média de jovens por jornada ronda os 1.3 milhões. Será então de esperar que, de 1 a 6 de Agosto, a cidade de Lisboa se encontre repleta de rapazes e raparigas oriundos de todas as partes do mundo. Com a iminência do encontro, torna-se cada vez mais entusiasmante perspetivar como a cidade irá vibrar este Verão.

A jornada de 2023, à semelhança de edições anteriores, criará momentos memoráveis em todos os que nela participarem. Não é apenas um conjunto atividades católicas para jovens católicos. É, para além disso, uma celebração da paz, liberdade, esperança e fraternidade. As JMJ têm vindo a acontecer em locais que, aquando da sua realização, saravam feridas de ditaduras, suplicavam pela concórdia e queda de muros, ultrapassavam situações de desigualdade social ou suportavam o choque de ataques terroristas. Em Lisboa, dado o contexto atual, a paz será certamente um dos temas centrais trazidos pelo Papa Francisco.

Qualquer jovem português deve desejar estar presente nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, independentemente das suas convicções. O impacto que um evento desta envergadura pode ter a nível social é gigante, mas nunca será maior que o impacto que pode ter a nível pessoal. O efeito positivo que as jornadas têm na vida de qualquer jovem não tem de esperar por Agosto, pode começar já: é necessário o auxílio de todos para a preparação. Como o Papa Francisco exortou na edição de 2016, em Cracóvia, o mundo não precisa de “jovens sentados no sofá”, mas de “jovens com os sapatos calçados”, cientes de que para “construir pontes” é “preciso arriscar”.

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