Apesar do recomeço das negociações entre os EUA (e a NATO) e a Rússia depois de uma semana inconclusiva, o caminho para uma ação militar por parte da Rússia torna-se mais provável. Na semana passada, as sessões de negociação acabaram num impasse, bloqueadas pela exigência da Rússia de que a NATO se comprometa por escrito e “artigo por artigo” às suas propostas, que visam restaurar a esfera de influência que a Rússia gozava na era soviética na Europa.

Três coisas parecem claras: primeiro, que Putin conseguiu provocar a negociação direta com os EUA sobre a definição das esferas de influência na Europa; segundo, que os Estados Unidos não estão dispostos a aplicar a força máxima contra a investida de Putin com receio de um estreitar da aliança da Rússia com a China; terceiro, que Putin está a maximizar a pressão sobre a Casa Branca antes de decidir sobre o próximo passo a tomar.

Isto quer dizer que o caminho diplomático para evitar um conflito na Europa Oriental ainda não está fechado. Contudo, a dificuldade na resposta atual da Casa Branca à investida de Putin advém de questões de estratégia e de timing. A questão de estratégia, prende-se em ser difícil prever o comportamento da Rússia: estamos perante uma diplomacia coerciva ou é este o prelúdio de uma invasão real, que pode alargar o controle da Ucrânia Oriental ou ir até Kiev? As opiniões dividem-se nos EUA e na Europa.

A questão do timing não é de somenos importância. Do lado Ocidental, e apesar das divergências entre Europeus e os EUA, todos concordam que a adesão da Ucrânia à NATO não está em cima da mesa e que há mérito em abordar as preocupações de segurança de Putin sobre a Ucrânia. Contudo, negociar sob a ameaça de um revólver é humilhante: o Ocidente não pode estabelecer as fronteiras da NATO e da UE voluntariamente, e os sinais de fraqueza que demonstrar serão sempre explorados por Moscovo.

Putin forçou assim o regresso da história, acabando definitivamente com o período pós-Guerra Fria. O conflito armado voltou a ser parte do método negocial na Europa, e a diplomacia à porta fechada o método mais produtivo.

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