O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu desembarcou no Brasil, para a primeira visita oficial dum chefe do Estado de Israel, desde a sua fundação (1948), e para participar da tomada de posse de Bolsonaro como Presidente do Brasil. Netanyahu declarou-se “feliz por Bolsonaro abrir uma nova era” entre o Brasil e Israel. As relações entre os dois países ficaram tensas há quatro anos após uma ofensiva contra o grupo terrorista Hamas, na faixa de Gaza. Na altura o governo Brasileiro reagiu afirmando: “ser inaceitável a escalada de violência” na região e condenanado “energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, respondeu que a atitude Brasileira “era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante económico e cultural, continua a ser um anão diplomático”. Quatro anos volvidos o Brasil não é mais um gigante económico, graças à má gestão dos últimos anos dos governos PT; e culturalmente… bom, o leitor que decida!

Bolsonaro tem vindo a acenar amigavelmente a Israel desde a campanha eleitoral, o que mantém o seu eleitorado Evangélico satisfeito. Já Presidente eleito, seguiu o exemplo de Trump, afirmando que iria transferir a embaixada Brasileira de Telavive para Jerusalém. Entretanto, já existem indicações, dadas pelo novo Chancheler Ernesto Araújo, de que o Brasil se irá posicionar ao lado de Israel nos organismos internacionais.

É sem dúvida uma viragem clara na política externa do Brasil e uma ideia geo-estratégica que vai contra o praticado nos últimos anos pelo Itamaraty. Com Lula, por exemplo, era bem diferente. Ficou célebre o relacionamento institucional entre Lula e Mahmoud Ahmadinejad (presidente Iraniano) que considerava o Brasileiro “um bom amigo”. Enquanto Lula defendia o “direito do Irão a ter um programa nucelar pacífico”, o louco Mahmoud negava sistematicamente a existência do Holocausto e desejava que “Israel fosse varrido do mapa”. Talvez tenha começado aqui esta onda antisemita que varre o mundo ocidental. Uma onda que só vem engrossando. Dois exemplos chegam-nos dos Estados Unidos, onde recentemente Ilham Omar, muçulmana de origem Somali, eleita para a Câmara dos Representantes do Estado de Minessota, disse que “Israel tem enfeitiçado o Mundo”. E, Alexandria Acasio-Cortez, que lança ataques efusivos a Israel, ao referir-se à “ocupação da Palestina”.

Naturalmente, que esta onda antisemita bebe na cartilha marxista. Em 1843 Marx escrevia a famosa frase: “Qual a religião mundana do Judeu? Vendedor ambulante (no Brasil usam deliciosamente a palavra “camelô”). Qual o seu Deus mundano? O dinheiro”. Parece que o dilema de Marx era mais de âmbito financeiro. Todavia, também me parece que o ressurgimento de qualquer nível de antisemitismo é um retrocesso cultural. Não apenas por abrigar um espírito de intolerância, mas também por promover uma desconsideração acrítica da nossa herança Judaico-Cristã. Não sei das razões que assistem a este estado de coisas. Porventura um deficit educacional. Talvez uma rebeldia blasé chic. Modismos duns certos “rebeldes sem causa”. Não sei dizer. Sei que existe uma normalização perigosa de ideias Antisemitas em muitos segmentos da sociedade. Na contra-mão, a aproximação de Bolsonaro a Israel promete o início dum ciclo proveitoso para os dois países. É uma atitude bem-vinda. E quem sabe se o “anão diplomático” não vira “superpotência” na América Latina!

Teólogo a viver no Brasil

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