Por vezes diz-se que a vida imita a ficção mas, em algumas ocasiões, trata-se de uma imitação bastante roscofe da ficção. Há casos em que a vida é uma imitação da ficção ao nível daquelas imitações de quadros famosos com que João Rendeiro decorou o seu lar, depois de ter colocado as obras originais, apreendidas pela Justiça, no prego, de molde a pôr-se ao fresco num destino, segundo consta, quentinho.
Uma das últimas ocasiões em que a vida imitou a ficção fraquinhamente foi a novela do acidente envolvendo o carro do ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Neste caso, o autêntico filme a que assistimos nos últimos meses, “Cabrita, o Coitado Passageiro”, foi uma imitação muito pobre da película “Alien, o Oitavo Passageiro”. Desde logo porque, enquanto no filme com a Sigourney Weaver havia um passageiro a bordo de um veículo do qual ninguém tinha conhecimento rigorosamente nenhum, nesta novela em que brilhou Eduardo Cabrita era o ex-ministro, enquanto passageiro a bordo de um veículo, que não tinha conhecimento rigorosamente de nada.
Como Eduardo Cabrita teve oportunidade de elucidar, ele era “só um passageiro” naquele automóvel de Estado. E, por vezes, há passageiros de viaturas que, de facto, coitados, não têm qualquer hipótese de saber o que se passou durante o trajecto do veículo. Vêm-me à memória, por exemplo, vídeos que há no YouTube – por sinal, muito engraçados – de indivíduos que apagam durante viagens em montanhas-russas. Nunca viram? Eh pá, recomendo vivamente. São, por norma, foliões que vão histéricos enquanto o carro sobe a rampa inicial da montanha-russa e que, assim que chegam a meio da primeira descida, desmaiam. Instantaneamente. Para só voltarem a acordar quando levam uns tapinhas do funcionário do parque de diversões, que deseja arrumar os passageiros para a viagem seguinte.
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