Um desafio central que enfrenta o próximo titular da pasta da Educação em Portugal é trazer a contratação de professores para o século XXI. Não é um desafio fácil. Apesar do apoio explícito ou implícito da generalidade dos atores da educação em Portugal, contará com a oposição da parte do movimento sindical que vive de ser intermediário entre os professores e o Ministro patrão. Mas este é um desafio imprescindível se queremos avançar e evoluir como sistema educativo e como país.

Hoje, há escolas que funcionam apesar do modelo de contratação de professores preso aos anos 80 do século passado. Mas muitas – demasiadas – funcionam mal por causa desse mesmo modelo, que teima em não evoluir. O mundo mudou, mas a contratação de professores ficou presa ao passado, como relíquia de um país que já não existe. Não consigo imaginar nada mais desqualificante para um profissional do que a sua contratação depender de um algoritmo baseado na mera passagem do tempo. É tão redutor – para uma vida e uma carreira – que só pode ser fonte de desmotivação para quem já é docente e zero inspiração para quem procure entrar na carreira docente.

Alterar o modelo de recrutamento de professores, permitindo que as escolas públicas estatais selecionem e façam a gestão do seu corpo docente, é uma condição sem a qual o bom caminho que iniciámos de conferir às escolas mais autonomia pedagógica e flexibilidade curricular não será percorrido. Permitir às escolas escolher as suas equipas é dar um importantíssimo salto qualitativo e contribuir para inverter a situação atual. Passaremos a ter muito mais escolas a funcionarem muito melhor e a garantirem melhores aprendizagens e percursos educativos aos seus alunos; por causa do modelo de contratação de professores e não apesar dele.

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