Desde que foi reconhecida pelo Tribunal Constitucional, em boa verdade até antes disso, a IL é atacada por ser liberal nos costumes. Curiosamente, é atacada desde a direita à esquerda radical. Ilustrativo disso são os deploráveis acontecimentos na recente marcha do “Orgulho Gay”, onde foi visível a intolerância da esquerda radical.

Nada de surpreendente. Ao contrário dos liberais, a esquerda radical, ao promover estes eventos, não está interessada em defender os direitos das pessoas. Para a esquerda radical, apenas é admissível pensar como a Esquerda radical impõe, e marcham em defesa não da liberdade para ser LGBTI+, mas sim da ideia de que os «verdadeiros» LGBTI+ defendem a esquerda radical. O que pretendem é impor agendas políticas identitárias, colectivistas, contrárias à liberdade individual, assim demonstrando o quão pouco inclusiva é a sua postura.

Há uma diferença substancial entre uma opção individual e a sua prática dentro dos limites da liberdade individual – que deve ser integralmente respeitada por todos – e querer impor (ou promover) essa opção aos outros como norma, diminuindo direitos e a liberdade. A opção de como vivo a minha realidade merece o mesmo respeito que é dado a qualquer outra. O mesmo é válido para a opções das outras pessoas, independentemente de serem, ou não, idênticas às minhas.

Eu vejo a IL a participar em marchas e paradas para defender direitos civis, o critério da opção e da responsabilização individual contra a imposição normativa, e não só, do Estado. Assim, uma posição institucional contra a imposição normativa em favor da opção individual é algo que está nos antípodas da práxis política da esquerda (especialmente da esquerda radical). Pelos vistos, há quem pense o contrário.

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O Rui Albuquerque, no exercício da sua liberdade, não gosta da participação institucional da IL nas marchas do «orgulho gay». Relembrou que aquilo que o «orgulho gay» começou por representar terá sido pervertido pelo radicalismo político que dele se aproveitou para impor uma agenda política. A pergunta que se põe é: Como foi que isto aconteceu? Como foi que se passou duma defesa de direitos para uma imposição política e normativa?

Chegado a este ponto, vou até mais longe. Alguém acredita que o «orgulho gay» seja constituído exclusivamente por pessoas de esquerda? Será que só quem é de esquerda radical valoriza poder assumir a sua orientação sexual? Claro que não. Não falta noutros quadrantes políticos quem se identifique com as premissas iniciais do «orgulho gay», de respeito e promoção da igualdade de direitos.

Ora, isto leva-nos a um dos factores que contribuiu para o que se passa actualmente. Aqueles que querem defender direitos individuais, em vez de grupos identitários, colocaram-se à margem, e deixaram o tema para a esquerda Radical. E agora a direita, que nada fez, nem nada disse, para a defesa desses direitos, critica os liberais por quererem marchar em sua defesa. O que nos leva à seguinte pergunta. Sabem qual é o principal problema da direita em Portugal: Falta de comparência. Até agora, na rua, só a esquerda é que se expressou. Ainda bem que os liberais não deixaram que se passe a mensagem de que este tema é um tema apenas da esquerda Radical, por muito que a direita critique os liberais por fazerem isso.

A participação institucional da IL na marcha «orgulho gay» é uma forma de combater o aproveitamento político de modo a possibilitar que a defesa dos direitos volte a ser a questões primordial. É, no mínimo, estranho que agora que há uma voz a levantar-se na defesa de direitos haja quem se manifeste contra isso. A IL sempre disse o que era: nem de direita, nem de esquerda, e liberal nos costumes, liberal na política e liberal na economia.

Note-se igualmente que a participação institucional da IL não implica nenhuma obrigatoriedade. Por isso mesmo, nenhum membro da IL é obrigado a ir à marcha. À marcha do “orgulho gay” vai quem quer e como quiser. O importante é respeitar a opção individual e defender direitos.

O Rui Albuquerque também afirma que os direitos fundamentais pertencem à pessoa humana. Não há a menor dúvida disso. Convém é não esquecer que os direitos fundamentais envolvem toda e qualquer manifestação cultural humana, no enquadramento constitucional em vigor.

Para algumas pessoas não faz sentido a IL estar numa marcha a afirmar inequivocamente a defesa dos direitos individuais. Se na esquerda radical se percebe o incómodo, o que é curioso ver que à direita há quem ache que a agenda de engenharia social da esquerda radical se combate… não comparecendo ou nada fazendo. Que não haja enganos. A IL tem uma agenda liberal e vai sempre combater o identitarismo, à esquerda e à direita, a favor da liberdade individual – e isso inclui defender os direitos implícitos no «orgulho gay».

Post-Scriptum – a IL tem membros que procuram fazer com que a IL passe a ser um partido progressista e outros que tentam com que seja um partido conservador. Quer a uns, quer a outros, relembro o que expressei na Convenção do Partido, em Novembro passado. Na IL há espaço para liberais mais próximos dos conservadores e dos progressistas. O que não há espaço é para transformar a IL num partido conservador ou num partido progressista. A IL é um partido liberal. E é nesse pressuposto que coloco e que continuarei a colocar todo o meu esforço e empenho. Porque o Liberalismo resulta e faz falta a Portugal.