Declaração prévia: não sou negacionista. Fui vacinado, assim como todos na minha família. Dito isto: A informação relativa ao covid andou ao sabor dos horários da função pública, lembrando bastas vezes, a forma de comunicar do famoso SNI. Atentemos nos seguintes pontos;
- Com a excepção dos meses trágicos de Novembro 2020 a Fevereiro 2021, o SNS nunca foi levado ao limite (ainda bem). Mas não nos enganemos;
- Tivesse a vacina chegado mais tarde, prolongando os meses de Janeiro e Fevereiro de 2021, e tínhamos assistido horrorizados ao desmoronar do mito socialista do SNS.
- A situação que hoje se vive em Portugal nada tem que ver com o período acima referido, pelo que as medidas, as notícias e tudo o que vem de arrasto, pecam por excesso, cumprindo o propósito do novo SNI.
Para os leitores mais jovens, a sigla SNI pode não dizer muito, razão pela qual esclareço: Era o organismo público responsável da propaganda política, informação pública, comunicação social, turismo e acção cultural durante o Estado Novo. Como é bom de ver, preocupava-se em criar a narrativa do poder e não propriamente com a verdade, excluindo as opiniões divergentes.
Como se sabe, durante estes infindáveis 18 meses fomos massacrados com estatísticas, tendências, perspectivas, prospectivas e correlações. Pouco ou nada se falou de responsabilidades, mas já lá iremos. Para já, o facto relevante é que o nosso actual SNI, em 2 anos, não consegue ainda, prestar ao público, a seguinte informação:
- Quantos dos falecidos sofriam de comorbidades e a gravidade das mesmas
- Quantos dos falecidos – desde Março – não estavam vacinados
- Quantos dos internados em UCI sofrem de comorbidade grave
- Quantos dos internados em UCI não estão vacinados
Podia continuar, mas se me informassem dos pontos acima, já ficava satisfeito.
O novo SNI herdou igualmente a característica de funcionalismo público bafiento: o trabalho faz-se de segunda a sexta e das nove às cinco. Sabe o leitor que, desde o princípio da pandemia, numa semana começada ao Domingo, este é o dia com menos infectados, cresce na segunda, atinge o pico na terça e começa a descer em escadinha até ao Domingo seguinte? Como é bom de ver – não sendo necessário ser cientista para perceber – o vírus não tira fins de semana, nem escolhe os dias. Isto acontece porque o SNI fecha aos fins de semana. Ainda mais gritante é o dia dos internamentos: bem sabemos que os dias das altas são às segundas e sextas tradicionalmente. Poderíamos pensar que, em contexto pandémico, tal seria alterado, ou seja, as altas seriam dadas no próprio dia em que o doente já não necessita de estar internado, pois as camas são necessárias. Pois não é assim que se passa.
A diferença entre internamentos e altas está, como tudo o resto, influenciada pelo ritmo do funcionário público. Aos Sábados e Domingos a diferença é sempre positiva, ou seja, quase não existem altas. Já no que respeita às mortes, não há como esconder o dia da dita pelas implicações legais que daí podem advir, razão pela qual, são registadas correctamente. Quanto aos curados, volta a informação ao ritmo do funcionalismo: Existem em maior número às segundas e sextas e menos aos fds. Ora, os curados são todos aqueles que, passados n dias, ou não estão internados ou não faleceram, o que torna a situação ainda menos entendível.
Os quadros abaixo apresentam as situações a 9/12/21.
Pode-se pensar que esta informação, dos dias de semana, não terá grande importância. Não é verdade. Tomam-se medidas que moldam a nossa vida, com base em informação mal-amanhada, mal apanhada e mal explicada.
No que respeita à actual situação – chamar-se vagas a tudo o que mexe é exagerado – as medidas do Governo parecem-me desculpas de mau pagador, face ao que aconteceu o ano passado. Explico, retomando o tema das responsabilidades;
Apesar do SNI dos nossos tempos gostar bastante de nos assustar com o nº de novos infectados – e da nossa imprensa ir atrás – a verdade é que, sem ser igual ao homem laranja, quanto mais testes se fazem, mais casos se detectam, obviamente. O nº que interessa é a % de positivos face ao nº de testes. Assim é bom olhar para os quadros acima: Estamos – e bem – a fazer bastantes mais testes do que no passado, mas a taxa de positividade é bastante inferior! Claro que ao SNI da democracia não lhe interessa passar esta informação com o destaque que devia ter.
No que respeita à actual situação, face à tragédia de há 1 ano atrás, é só prestar nota aos quadros abaixo:
Quem quiser alinhar com o SNI faça favor, mas não ofendam a inteligência dos portugueses carregando nos adjectivos. Digam coisas vagas tipo: mais vale prevenir do que remediar, p.ex.
É agora que entro na matéria das responsabilidades. Os responsáveis da tragédia Outubro-2020/ Fevereiro-2021, tentam, com o conselho comunicacional do SNI democrático, fazer-nos acreditar que este Inverno é perigoso e que serão as medidas deles que nos vão salvar de outro trágico Natal. Mas, a verdade é que, em Outubro de 2020, já existiam os dados necessários para alertar os génios da DGS/SNS/Governo que a coisa ia descambar. O que fizeram? Nada. Os números actuais, como apresentados acima, pelo contrário, anunciam uma situação completamente diferente e para melhor, ao contrário do Blitz noticioso do SNI da DGS.
Em Portugal, já se sabe, politicamente a culpa morre – sempre – solteira. Num país civilizado alguém teria de se sentar no banco dos réus. Pode até parecer cruel face a uma situação que ninguém estava à espera. Só que não é bem assim. A partir de Setembro de 2020, muitos foram aqueles que alertaram para o perigo do Inverno, associado ao Natal e Ano Novo. A atitude governamental foi a de “salvar o Natal”. Pois não só não salvou, como o estragou por completo com milhares e milhares de mortos. Claro está que o SNI socialista impede qualquer discussão sobre esta matéria (acho que nem o verdadeiro SNI conseguiria tal proeza). Lembremo-nos que um acidente que vitimou um ser humano há meses, não está resolvido e que, este SNI, já fez transpirar que o carro foi vítima e que o morto tinha ido oberar no separador central. Não fosse isto trágico e era comédia, da boa.
Concluindo: é tempo de apurar os responsáveis do cataclismo do final do ano passado e do princípio deste. A actividade política/governativa não é practicada por inimputáveis e as responsabilidades que se podem apurar não podem ter unicamente castigo na urna de voto.
É pois, por saberem o que fizeram o ano passado, que o SNI destes tempos, manobra tanto e tão bem a informação, de forma a nos manter assustados e desviados do que faz sentido saber pelo menos até às eleições, porque terá que existir um tempo em que – mesmo em Portugal com este SNI e este PS – em que a verdade terá que vir ao de cima, como o azeite.