O mercado de trabalho enfrenta, atualmente, a maior escassez de talento alguma vez vivida. O “Great Resignation”, fenómeno especialmente despoletado em 2021 e que traduz a demissão voluntária em massa observada em várias indústrias, veio revelar que os profissionais esperam condições que estejam alinhadas com as suas necessidades, e mudar a forma como a sociedade olha para o trabalho e para o papel que este tem na sua vida. Hoje, são as empresas que se têm, inevitavelmente, de adaptar às premissas dos seus colaboradores, se tencionam fidelizar o melhor talento. No mês em que se celebra o Dia Internacional da Juventude, é importante refletir de forma mais aprofundada sobre aquilo que os jovens – atuais e futuros trabalhadores – ambicionam das organizações, especialmente se considerarmos que, de acordo com a OCDE, em 2025, a geração Z contabilizará já 27% da força de trabalho.

Perante este cenário, alguns dados revelam-nos interessantes insights sobre o comportamento dos jovens e a sua relação com o mundo do trabalho. O estudo What Workers Want to Thrive, desenvolvido pelo ManpowerGroup em conjunto com a Thrive, indica que 42% dos jovens trabalhadores sentem-se sobrecarregados no local de trabalho, relatando que tencionam debater com os seus empregadores formas de combater o burnout. Já o relatório Deloitte Global 2022 Gen Z and millennial revela que a insegurança financeira é apontada como a principal causa para o stress sentido, com 61% dos jovens portugueses a relatar algum receio sobre o seu futuro – um número acima da média, quando comparado com outros países. A saúde mental, as relações pessoais ou a carga laboral são também motivos de preocupação, sendo por isso essencial que as empresas procurem criar um local de trabalho aberto, empático e de confiança, de forma a assegurarem o bem-estar destes profissionais que são peça essencial para a inovação na organização.

Considerem-se, também, outras preocupações deste grupo. Alinhados com a tendência da luta climática mundial, com os jovens a darem, regularmente, voz às manifestações, dados revelados pelo já referido estudo da Deloitte revelam que apenas 14% dos jovens consideram que as empresas estão a tomar as medidas necessárias e suficientes para combater as alterações climáticas, o que comprova a importância de abraçar a sustentabilidade e incluí-la no negócio, de forma micro e macro. De facto, colaboradores que sintam que o seu trabalho contribui positivamente para a sociedade serão mais felizes e produtivos, potenciando a criação de um local de trabalho saudável.

Estes importantes insights devem ser objeto de análise profunda por parte dos líderes das organizações, para que consigam obter um equilíbrio perfeito entre aquilo que podem – e devem – oferecer e o que os novos trabalhadores procuram. Caso contrário, iremos continuar a observar o incessante fenómeno de demissões em massa e uma rotatividade de colaboradores que em nada valoriza a cultura organizacional.

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É essencial que as empresas se assegurem, portanto, de que as preocupações financeiras dos jovens são tidas em conta, já que esta é ainda a maior prioridade dos profissionais, independentemente da geração que analisemos. A possibilidade de desenvolvimento de novas competências, bem como de progressão de carreira, são, também, necessidades essenciais para este grupo, e as empresas devem responder mediante projetos e desafios que os motivem, mas também o suporte e a formação necessários para que possam ter êxito e crescer profissionalmente. Os colaboradores procuram flexibilidade, autonomia e condições para prosperarem e as empresas devem estar prontas para agir rumo à atração, desenvolvimento e fidelização do melhor talento.

Mas, não são só as empresas que podem apoiar esta mudança. Os próprios jovens podem também adotar ações que os empoderem e que permitam que se sintam prontos para enfrentar um novo e dinâmico mercado de trabalho, sem receios. Iniciativas como a Junior Achievement, por exemplo, potenciam este lado inovador e responsável. Em parceria com as empresas promovem ações como mentoria, sessões de coaching e competições internacionais que desenvolvem o empreendedorismo e a preparação para o mundo do trabalho.

Esta nova geração tem maiores expectativas, mas também desafios acrescidos à medida que entra no mundo do trabalho. Ouvir os jovens e apoiá-los no desenvolvimento das suas capacidades irá permitir fomentar todo o seu potencial e criar empresas mais preparadas, dinâmicas e prontas a dar resposta aos desafios atuais.