Comecemos pelas possibilidades conceptuais. Dissonância: Simultaneidade ou sucessão de dois ou mais sons desarmoniosos (1); Desproporção desagradável (2); Incoerência (3); Desconcerto (4); Má combinação (5). Cognitivo: Capacidade de adquirir ou de absorver conhecimentos (1); Respeitante ao conhecimento, à cognição (2); Linguística (3); Mecanismos mentais pelos quais um indivíduo se vale ao utilizar a sua percepção, memória, razão (4); Psicologia (5).

Segundo Leon Festinger, as pessoas necessitam estruturalmente de uma consistência interior relativamente aos seus comportamentos e crenças. Uma dissonância cognitiva é a manifestação de uma desarmonia entre estes dois elementos. Quando tal acontece, verifica-se um conflito interno que afecta o processo de tomada de decisão e os indivíduos, pelo menos os sãos, esforçam-se por evitar ou corrigir essas inconsistências.

Existem três formas para diminuir ou eliminar a dissonância. Primeiro, através da substituição de uma ou mais crenças, opiniões ou comportamentos envolvidos na dissonância (relação dissonante). Segundo, pela aquisição de novas informações ou crenças que aumentem a consonância (relação consonante). E, finalmente, pelo esquecimento ou redução da importância das cognições que originaram a dissonância (relação irrelevante). Contudo, como a defesa do ego contraria a mais simples lógica, a dissonância pode confirmar a negação de evidências, distorcer percepções, ignorar asserções científicas e até originar desfasamento da realidade.

Antes da exposição, uma pergunta. Sabem qual é a principal diferença entre José Sócrates e António Costa? Mário Centeno! Centeno faz o que nem os ministros das finanças de Sócrates e/ou os PEC’s socretinos conseguiram fazer. Se não fosse a austeridade centeniana, popularmente conhecida como cativações, Portugal estaria bem pior do que em Junho de 2011.

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Mário Centeno afirma que o aumento da contestação social é apenas resultante da melhoria das condições de vida. Note-se que Centeno não é austero nem desvia, por exemplo, as receitas da almofada das pensões. Não. Mário Centeno cativa. E é cativante ao fazê-lo!

António Costa diz que Portugal está melhor. Mas não sabia de Borba. Também ignorava Tancos. Não se apercebeu de Pedrogão, nem de Leiria ou Monchique. Será que conhecia José Sócrates? António Costa só sabia que o PS estava falido. Já não está! Costa resolveu o assunto. Razão pela qual Portugal está melhor.

O que são 500 greves? As birras da CGTP, e dos seus dirigentes comunistas que vivem à custa do dinheiro dos contribuintes, são irrelevantes. Arménio Carlos ainda deve ser o melhor eletricista da Carris e Mário Nogueira é, incontestavelmente, o melhor professor primário do país. Quem o diz? Os alunos dele. Adoram as faltas!

Por falar em comunistas, estes só se preocupam com os trabalhadores. Os que forem para o desemprego deixam de ter interesse porque estão desempregados. Já o BE ignora o que são trabalhadores ou desempregados. Continuam a comer caviar e a sonhar com uma sociedade subjugada à máxima de Trotsky: Quem não obedece, não come!

Ferro Rodrigues tanto recusa compactuar com deputados que denegriram o prestigio do Parlamento, pelo menos com alguns, como tenta abafar o relatório do Tribunal de Contas sobre as despesas dos deputados para posteriormente, depois do caso ter sido público, inverter a sua posição. Imaginem lá quem faz “julgamentos éticos descabidos e apressados”? A Assembleia da República é um barco à deriva. Terá o fim do Costa Concordia?

Alguém, sem falta de vergonha, foi aclamada como líder da juventude socialista. António Costa não deu a cara. Já Pedro Nuno Santos não perdeu a oportunidade. E, sem se rir, justificou o injustificável dizendo que “não tem lugar na política quem engana. Só que não foi isso que a Maria fez”. 140 mil euros em avenças da CML, um autocarro e photoshop no CV antes dos 30 anos. Maria Begonha liderará por exemplo?

João Galamba, o homem que já sabe tudo sobre energia em Portugal, mas que desconfia de tudo e de todos, até mesmo da sua sombra, travou as licenças para novos projectos solares. Porquê? Provavelmente devido a suspeitas sobre Passos Coelho e o desejo por preços garantidos. É o socialismo – com Galamba comunismo é mais adequado – estúpidos!

Como se não bastassem os condicionalismos políticos sobre a Justiça em Portugal, também Rui Rio apoia mais um ataque ao Princípio da Separação de Poderes e ao Estado de Direito!

Mas alegrem-se! Temos eleições em 2019. A luz e os combustíveis vão baixar.

Perante esta descrição como classificam as dissonâncias cognitivas dos políticos portugueses?

A Revolução dos Cravos aconteceu há 44 anos e à semelhança do que se verificou no Estado Novo, é indisfarçável que a III República portuguesa está corrompida. Não há renovação. Nem política, nem no sistema político, cujos actores são praticamente os mesmos desde os anos 70 do século passado. A democracia perde vigor de ano para ano e Portugal é hoje um Estado verdadeiramente corporativista. Ironicamente, foi a Constituição que saiu de Abril que cumpriu o ideal de Salazar. E até a esquerda celebra esse facto!

Se realmente querem mudanças e se desejam um futuro melhor para Portugal, deixem de votar nos partidos que dominam o sistema político desde 1974!

Politólogo, Professor convidado EEG/UMinho