Sou católico, daqueles mais crente do que próximo da igreja, e recebi uma educação católica, à qual estou muito agradecido. Mas não é por isso que defendo a realização das JMJ, nas quais nem sequer vou participar porque estou em Londres.
Defendo por duas razões. Em primeiro lugar, para contrariar o anticlericalismo primário que se assiste em muitos ataques à realização das JMJ. Esse anticlericalismo é completamente deslocado no caso das JMJ. As JMJ são sobretudo uma festa das bases da Igreja Católica, e não das autoridades ou hierarquias. É um evento onde se manifesta o melhor do universalismo e da solidariedade católica. Jovens de todos os continentes, raças juntam-se para celebrar a sua fé que os une. Alguns com posses financeiras ajudaram muitos, sem recursos, a viajar para um país que nunca sonhariam conhecer e conviver com outros jovens que de outro modo nunca conheceriam. Assisti no aeroporto à alegria de jovens vindos de África, da Ásia, da América Latina. Um dos grupos mais felizes era composto por Cristãos da Palestina. Outro grupo muito animado vinha de Cabo Verde. Poderia dar outros exemplos, mas a alegria daqueles jovens era contagiante. Para muitos jovens que participam nas JMJ, esta é uma viagem que vão recordar para sempre. Só pela alegria de centenas de milhares de jovens, já valia a pena organizar as JMJ.
Por mim, que sou muito crítico do governo socialista, apoio a sua iniciativa de organizar as JMJ. Claro que as esquerdas radicais não gostam. Não gostam porque detestam ver o apelo da Cristianismo, do Catolicismo para milhões de jovens por esse mundo fora. Para essas esquerdas, um jovem católico é um “retrocesso civilizacional”. Para essas esquerdas, o progresso só tem uma direção: o afastamento e a recusa da religião. As JMJ são uma demonstração que estão errados. É isso que lhes custa.
Mas há uma segunda razão por que defendo as JMJ. Esta tem uma natureza mais política e cultural. Vivemos em tempos onde muitos sectores atacam a nossa identidade judaico-cristã, a nossa cultura, a nossa história e o nosso passado. Não nego que houve muita coisa errada no passado português e europeu, mas também houve obras magnificas e descobrimentos fantásticos. O orgulho no passado não exclui a correção do que estava ou está errado, e a Europa é um dos melhores exemplos de que isso acontece.
A propósito das JMJ, o ataque à identidade católica foi feito por muitos através do argumento dos custos financeiros das JMJ. Um argumento extraordinário vindo das esquerdas, quando esses grupos, nos momentos que lhes interessa, dizem que que não se pode reduzir tudo ao dinheiro que se gasta. As mesmas pessoas que estão dispostas a gastar centenas de milhões de euros para manter a TAP nacionalizada chocam-se com os custos das JMJ (o dinheiro injectado na TAP pelo Estado chegava para organizar mais de 100 JMJ, uma todos os anos no próximo século). Outros críticos dos custos das JMJ acham natural financiar, com ajustes directos, artistas que vivem à custa de subsídios do Estado, pagos pelos impostos de muitos que vão celebrar as JMJ.
Por mim, fico muito contente que as JMJ se realizem em Portugal. Vai permitir a recuperação uma zona abandonada de Lisboa. Mas, muito mais importante, centenas de milhares de jovens de todo o mundo vão viajar, conhecer Lisboa, fazer novos amigos e celebrar a vida e a juventude. Há poucas coisas melhores do que isso. Será uma experiência inesquecível. Será muito difícil de entender?