A população portuguesa atingiu os 70% de imunidade de grupo e vamos passar à fase 2 do desconfinamento onde, entre outras medidas, os cidadãos vão poder andar sem máscara no espaço exterior. Muitas  pessoas estavam à espera desta medida. Irá aliviar a sensação de andarmos escondidos atrás de uma cortina durante mais de dezoito meses, onde a nossa liberdade ficou limitada por causa de um vírus, ou melhor de um coronavírus, o SARS-CoV-2.

Enquanto que a meta inicial do número mágico de imunidade de grupo era os 70% para as variantes não delta, após o aparecimento da variante delta e de sabermos que a sua capacidade de transmissão é 60% superior às outras variantes conhecidas, a meta passou para os 85%.

Esta variação implica que, mesmo passando o desconfinamento à fase 2, e deixando nós de usar máscara no exterior, a possibilidade de contágio é maior, uma vez que não vamos ter a máscara como proteção importante para a propagação do vírus na comunidade. E há outro pormenor a ter em conta e que tem a ver com a redução de anticorpos circulantes ao longo do tempo, com possibilidade de voltarmos a ser infetados, facto já demonstrado em artigos científicos.

Podemos deixar de usar a máscara, mas isso não significa que fiquemos imunes à infeção por Covid-19. A única vantagem é podermos mostrar de novo a nossa cara, a expressão facial, tão ocultada ultimamente.

Ao deixarmos de usar a máscara com 70% da população vacinada, irá aumentar o risco de termos mais casos de Covid-19 pelo alto grau de transmissão da variante delta. A mortalidade por Covid-19 também poderá subir em flecha, atingindo sobretudo pessoas com mais de 70 e 80 anos, uma vez que estas apresentam doenças crónicas inerentes à idade e terão um baixo nível de anticorpos circulantes meses após as duas doses de vacinação.

Não seria mais prudente adiar esta medida de desconfinamento umas semanas, até atingirmos a vacinação completa de 85% da população? Durante este período manteríamos o uso da máscara, reduzindo assim o risco de mais casos de infeção e, consequentemente, mais mortes.

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