O País assistiu aterrado e horrorizado aos últimos acontecimentos no Governo socialista. Depois dos comportamentos absolutamente inaceitáveis no Ministério das Infraestruturas, o Ministro Galamba hesitou, balanceou, tropeçou e finalmente pediu formalmente a demissão. Numa encenação que o define, o Primeiro-Ministro anunciou que não aceitava a referida demissão, mantendo o Ministro Galamba no executivo. Este episódio Galamba, a todos os níveis deplorável, representa bem como o Governo socialista funciona. E porque é tão importante que cesse funções mais cedo que tarde, para bem dos portugueses.
Desde logo, o episódio Galamba demonstra como os governos socialistas são formados. Eu pergunto: que formação, que competência técnica, que experiência profissional tem João Galamba para dirigir o Ministério das Infraestruturas? Nenhuma. Nunca trabalhou nas áreas da aviação, da ferrovia, das estradas ou dos transportes em geral, nem tem qualquer experiência relevante no sector. Como, aliás, já não tinha o Ministro Pedro Nuno Santos. Apenas foram Ministros do Governo PS porque fazem parte de fações do partido, designadamente a fação socrática. Ora, tal pertença não os qualifica para governar o País. Pelo contrário, demonstra a total ausência de critério na escolha de governantes socialistas.
O episódio Galamba é também relevante para analisar os resultados da governação do PS. Que iniciativas, que reformas ou que resultados foram atingidos pelo Ministro João Galamba e, antes dele, pelo Ministro Pedro Nuno Santos, enquanto responsáveis pelas Infraestruturas? Que alterações estruturais foram realizadas para promover a inovação, o desenvolvimento sustentável, a eficiência e, no final, o bem-estar dos portugueses? Absolutamente nada. O anúncio extemporâneo da construção do novo aeroporto de Lisboa, a descoordenação total do Governo e a desautorização do 1ª Ministro ficam como verdadeiras imagens de marca deste Governo. Para além de uns PowerPoint, apresentações, comunicados ou conferências de imprensa, o PS não governa, faz de conta. A forma e o anúncio são as suas armas prediletas. Mas o País fica na mesma, empobrecendo e atrasando-se face aos restantes países da Europa, até que um novo governo de centro-direita volte a impulsar o País para a frente. Foi sempre assim nos últimos 49 anos. Não há razão para não continuar a ser assim nos tempos que correm e, principalmente, nos tempos que aí vêm.
Finalmente, o episódio Galamba é também ilustrativo da forma como os governos socialistas se desfazem aos olhos dos portugueses e, em particular, como os governantes são demitidos na praça pública. Este Governo tem um ano, mas já foram demitidos ou cessaram funções 13 Ministros e Secretários de Estado, alguns deles sem que tivessem durado mais de 24 horas no cargo. Se este registo é revelador da falta de qualidade dos escolhidos, o episódio Galamba inaugura uma nova fase de degradação política. Sem autoridade, nem qualquer tipo de credibilidade, quem é que, neste momento, leva a sério o Ministro Galamba? Provavelmente ninguém, mesmo contando com os dirigentes e militantes do Partido Socialista.
Num ambiente de falsidades, de mentiras à Comissão Parlamentar de Inquérito, de intimidações para alegadamente abafar ameaças de denúncias, de confrontos e de violência física, de recurso ao SIS fora das suas competências legais, de promiscuidade e de falta de transparência, o Ministro Galamba não tem quaisquer condições para exercer o seu cargo. Ao mantê-lo artificialmente em funções, porventura por não encontrar ninguém disponível para o substituir, nem no PS nem muito menos na sociedade civil, o Primeiro-Ministro opta por ligar o destino do seu Governo à sobrevivência do Ministro Galamba. Esta opção é tão legítima como arriscada, mas não pode deixar de ter consequências no futuro. Quando daqui a uns meses o Ministro Galamba cessar funções por manifesta impossibilidade do exercício do seu cargo, não restará ao Primeiro-Ministro outra opção senão a de apresentar a sua própria demissão. Se, ainda assim, o Primeiro-Ministro não tomar a única decisão decente que lhe restará nessas circunstâncias, os portugueses certamente esperarão que o Presidente da República, exercendo o seu papel de árbitro do sistema político, retire todas as consequências políticas das opções e fracassos da governação socialista e devolva, de novo, a palavra aos eleitores. É esta a vontade crescente dos portugueses expressa em diversas sondagens e estudos de opinião. E é o futuro do País que assim o exige.