Escrevo antes de conhecer os resultados das eleições de ontem na vizinha Espanha, e retomando a velha tradição de sugerir nesta altura do ano livros para as férias de Verão.
O primeiro título da minha lista é incontornável: Pátrias: Uma História Pessoal da Europa, de Timothy Garton Ash (Temas e Debates, 2023). O livro foi inicialmente publicado em inglês, em Março último, e conhecerá pelo menos 15 traduções, entre as quais a portuguesa, que foi publicada no início de Junho.
O autor esteve entre nós na 31ª edição do Estoril Political Forum (EPF, 26-28 de Junho) e foi entrevistado por alguns dos mais respeitados jornalistas nacionais, incluindo Teresa de Sousa, no Público, e José Manuel Fernandes, aqui no Observador. Ao recomendar a leitura estival do livro de Tim Garton Ash, recomendo também enfaticamente a leitura destas entrevistas.
Ao participar no EPF, Tim deu-nos também o prazer e o privilégio de aceitar o convite para integrar o International Advisory Board do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica (IEP-UCP), promotor dos Encontros do Estoril. Na ocasião, Tim gentilmente assinalou que lhe parecia ter encontrado, na livraria do EPF, pelo menos sete (7) livros publicados no primeiro semestre deste ano de 2023 por autores do IEP-UCP. E sugeriu que, a ser assim, eu deveria recomendá-los na minha crónica no Observador como leituras para férias – o que eu cumpro aqui com muito gosto.
Miguel Monjardino publicou em Fevereiro Por onde Irá a História? O desequilíbrio do sistema internacional e o futuro da geopolítica (Clube do Autor, 2023). Trata-se de uma muito estimulante reflexão sobre os principais desafios estratégicos contemporâneos enfrentados pelo Ocidente democrático e liberal – uma reflexão sobre o futuro, enraizada no estudo do passado.
Também em Fevereiro, Miguel Morgado publicou Guerra, Império e Democracia: A ascensão da geopolítica europeia (D. Quixote, 2023). Aqui é retomado o argumento sobre a importância do estudo do passado da Europa e do Ocidente. Como explica o autor, o propósito do livro é “apresentar a base da política internacional e da totalidade das suas circunstâncias tal como apareceram e se desenvolveram na Europa”.
Pedro Rosa Ferro revisita a importância de estudar o passado no seu livro Caminhar sobre a Água: Fé, Razão e Política (Almedina, 2023), publicado em Março, com Prefácio de Miguel Morgado. O argumento centra-se sobretudo na Filosofia e na Teoria Políticas, propondo um muito necessário confronto entre “o liberalismo clássico, o liberalismo contemporâneo e o democratismo populista iliberal.”
Em Abril, foi publicada pela Universidade Católica Editora a dissertação de Mestrado de Filipa do Amparo sobre A Teoria Política de Winston Churchill: Duas mudanças de partido e o problema da consistência política (UCP Editora, Coleção IEP, 2023). O livro aborda com rigor a evolução do pensamento político de Churchill, que foi deputado conservador entre 1900 e 1904, depois deputado liberal entre 1904 e 1924, regressando à bancada conservadora entre 1924 e 1964 – sempre recusando extremismos de sinal contrário.
A mesma UCP Editora (Coleção IEP) conseguiu publicar em tempo para esta 31ª edição do EPF o livro com as principais comunicações apresentadas à 30ª edição do mesmo EPF, realizada em 27-29 de Junho do ano passado. Editado por Rita Seabra Brito, o livro contém 16 comunicações sob o título global International Meetings in Political Studies [Est. 1993]: Confronting the Authoritarian Challenge; 30th Annual Edition (27-29 June 2022).
Finalmente, também em Junho, Lívia Franco publicou Uma Família Monárquica na Guerra da República: João e Manuel de Mello na Primeira Guerra Mundial. Memórias, Correspondência e Imprensa [1908-1918], (D. Quixote, 2023). Trata-se de um contributo fundamental para a historiografia daquela época, fornecido pela bisneta de João de Mello, que é também professora e analista de referência de política internacional.
[Em bom rigor, Timothy Garton Ash incluía nos 7 títulos que me mencionou também o meu livro Liberdade como Tradição: Um olhar euro-atlântico sobre a cultura política marítima de língua inglesa (D. Quixote, 2023). Mas ninguém é bom juiz em causa própria e por isso não me compete apresentar aqui o meu próprio livro.]
Em suma, votos de boas férias e de boas leituras (conto estar de regresso a 4 de Setembro).
Post Scriptum: Entretanto, se me é permitido, envio também enfáticos votos de uma fantástica visita do Papa Francisco e de mais de um milhão de peregrinos cosmopolitas a um Portugal que foi pioneiro da globalização marítima – como certeiramente recordou D. Américo Aguiar.