A notícia não era inesperada mas, mesmo sendo previsível, caiu que nem uma bomba. O caso não é para menos: não é todos os dias que um cardeal é demitido da sua condição sacerdotal. Como disse ao Washington Post o P. Davide Cito, professor de Direito Canónico da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, “há poucos meses era cardeal e agora é o Mr. McCarrick. É uma humilhação inimaginável!”
Theodore McCarrick, de 88 anos, que foi cardeal norte-americano e arcebispo da capital dos Estados Unidos, já tinha sido excluído, em Julho passado, do colégio cardinalício. Agora foi também demitido do estado clerical, nos seus três graus: episcopado, presbiterado e diaconado. Como leigo, já não pode confessar, pregar, celebrar a missa ou qualquer outro sacramento, e fica também privado de todos os benefícios – pensão, reforma, habitação, etc. – de que gozasse por pertencer à hierarquia da Igreja.
Em 2018, McCarrick tinha já deixado de ser cardeal, mas continuava bispo, muito embora, dada a sua idade, o fosse apenas emérito. Conservava, portanto, todas as prerrogativas devidas ao seu estatuto episcopal, que agora lhe foram retiradas. Na medida em que o sacramento da ordem – como o baptismo e a confirmação – tem um efeito permanente, que nem sequer o Papa pode anular, se no futuro for revogada a sentença que agora o inabilitou para todos os actos próprios do ministério sacerdotal, não precisará de ser de novo ordenado diácono, presbítero ou bispo.
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