A Rússia continua a concentrar tropas e armamentos não apenas na fronteira com a Ucrânia, mas também nas regiões orientais do país vizinho. Se a informação viesse apenas da NATO, os apoiantes da política externa do Presidente russo diriam que se trata de “propaganda imperialista”, mas, agora, são também os observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa que constatam a mesma coisa.
No dia 11 de novembro, os observadores da OSCE viram dirigir-se para o centro de Donetsk 43 camiões militares, sem matrículas e com as coberturas fechadas. Cinco dos camiões rebocavam lança-morteiros e mais cinco rebocavam sistemas de lançamento de foguetes.
É impossível imaginar que se trata de troféus capturados pelos separatistas pró-russos ao exército ucraniano e, por conseguinte, só podem vir do território russo. Moscovo não comenta nem as informações da NATO, nem da OSCE. Pelo contrário, anuncia o envio para breve de mais um “comboio humanitário” para as auto-proclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk à revelia das autoridades de Kiev, mostrando também assim que a soberania dos países vizinhos não é obrigatória para o Kremlin.
Enquanto Vladimir Putin dá cada vez mais sinais de que o seu país parece disposto a envolver-se numa guerra de grandes dimensões pelo controlo do Leste da Ucrânia (e por outras regiões do país se as coisas continuarem a correr como até agora), a União Europeia discute se vai alargar ou não o regime de sanções contra a Rússia.
Como é sabido, em Bruxelas, não há unanimidade sobre esse tema e, segundo informa hoje o jornal russo “Kommersant”, citando fonte na UE, as sanções serão dirigidas contra os dirigentes das regiões separatistas, e não contra a Rússia. A justificação para tal é que Moscovo não “reconheceu”, mas “respeitou” as eleições em Donetsk e Lugansk.
Se tal acontecer, a União Europeia dará mais um sinal de fraqueza e Vladimir Putin não gosta de fracos. Eu, pessoalmente, sempre me manifestei contra regimes de sanções em relação à Rússia, mas se Bruxelas enveredou por essa via, deverá ser consequente na sua política.
Se a União Europeia se envolveu na defesa do direito da Ucrânia a decidir a sua política interna, não deve deixar essa tarefa a meio. Caso contrário, transmitirá a ideia de que os interesses económicos de alguns membros são mais importantes do que a solidariedade europeia. E também de que, afinal, o Kremlin tem mesmo “direitos especiais” no antigo espaço soviético.