Segundo o cientista político Jon Elster (1986), a vida política em geral e a democracia em particular são idealmente constituídas por dois campos: o fórum e o mercado. No primeiro, encontra-se o conjunto dos cidadãos a fim de formularem aquilo que desejam das instituições políticas; no segundo, encontra-se o conjunto de pessoas que se propõem representar os cidadãos, através dos partidos de que fazem parte e aos quais compete interpretar e executar o conjunto de desejos expressos com maior ou menor força no «fórum».
Realisticamente, todos sabemos que este sistema de representação correspondente ao ideal da democracia ateniense está longe de funcionar de forma transparente e que, entre os representados e os representantes se interpõem nomeadamente os meios de comunicação social bem como os «lobbies», desde as associações patronais aos sindicatos e outros interesses organizados. O sistema funciona em princípio em permanência mas tem o seu momento privilegiado nas eleições, as quais são precedidas de campanhas onde os candidatos à representação política se apresentam perante o fórum a fim de este os escolher por um determinado período.
É o que se passa neste momento entre nós. Ora, sabemos pelos estudos realizados que, na prática, em Portugal, a comunicação entre o fórum e o mercado dos representantes é escassa e que essa comunicação está reduzida à comunicação social, à qual, por seu turno, está longe de ser transparente, ou seja, não só tem dificuldades de informação como também têm interesses a defender. Em Portugal, esta situação é tanto mais acentuada que a literacia em geral e o interesse pela vida política em particular são muito baixos.
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