“Que género de pessoas é capaz de relativizar a crueldade em estado puro? Que gente é esta que não consegue captar o mal absoluto quando o vê? E porque razão são exactamente os mesmos que torcem pela agressão russa à Ucrânia, também ela feita à revelia de todas as leis da guerra e na guerra?”
A propósito da sangrenta incursão terrorista de povoações israelitas pelo Hamas, tanto os “antissionistas” como os antissemitas, assumidos ou envergonhados, saem mais uma vez das tocas para dar voz ao ódio milenar que lhes ronrona no peito.
Ao contrário do que acontece em guerras entre outros protagonistas, as que envolvem Israel suscitam de imediato a inflamação do crónico antissemitismo que se traduz, entre outras coisas, na exploração cínica do sofrimento dos “civis inocentes” da Faixa de Gaza e na deliberada desvalorização dos actos mais horripilantes praticados contra os civis israelitas que, na opinião de um alto responsável do Hamas, não são civis, porque a sua classificação de “civis” tem de ser revista.
Nestas alturas de irreprimível amor pelos “palestinianos, os chorosos “antissionistas” (é assim que agora se designam a si mesmos os antissemitas de sempre) fazem petições, manifestações, abaixo-assinados, indignados artigos de opinião e piedosos apelos à paz, com lacrimosas referências às ”vítimas inocentes” – que são, evidentemente, sempre, os civis árabes – à mercê da “força desproporcionada” dos odiosos judeus.
Em Portugal, PCP, Bloco de Esquerda, e toda uma constelação de criaturas de todos os quadrantes, desencadeiam-se em manifestações “pela Palestina”, e contra a “ocupação” e o “apartheid”.
O vício presta tributo à virtude e alguns alinhavam umas vacuidades etéreas sobre a barbárie absoluta e a condenação abstracta de actos absolutamente horríveis, seguidas por um sonoro “mas”, e uma torrente de mentiras, declamações da propaganda antissemita, deturpações da História, e terríficas condenações da maldade judaica. Ora não há aqui lugar para nenhum “mas”!
A retórica relativista, que visa desculpar a agressão e atribui-la sibilinamente à vítima, é o cúmulo da desonestidade intelectual e é tão canalha como aquela que atribui à mulher violada a culpa de o ter sido , pelo seu aspecto, pelo seu comportamento, pela sua roupa, por estar onde “não devia”.
O ataque do Hamas foi friamente planeado e executado, de modo a matar, violar, sequestrar, humilhar e torturar (as palavras são mesmo estas, sem “mas” nem nuances) mulheres, homens, crianças, velhos, em suma, todo e qualquer judeu que surgisse pela frente. Trata-se da mais absoluta selvajaria e crueldade, só possível a psicopatas ou a indivíduos sujeitos a uma deliberada lavagem ao cérebro, com o ódio a ressumar por cada poro. Custa condenar isto sem “mas”?
Que género de pessoas é capaz de relativizar a crueldade em estado puro? Que gente é esta que não consegue captar o mal absoluto quando o vê? E porque razão são exactamente os mesmos que torcem pela agressão russa à Ucrânia, também ela feita à revelia de todas as leis da guerra e na guerra?
Ocupação? Mas qual “ocupação”? Desde quando é que Gaza está “ocupada”?
Gaza era um território que a Partilha da ONU atribuiu aos árabes, não à “Palestina”, como repetem ad nauseam os ignorantes e os cínicos. A Palestina não era uma entidade política, era a designação de uma região que incluía judeus e árabes. Os árabes não aceitaram a partilha, ao contrário dos judeus que trataram de formar o seu estado, nas terras que a ONU lhes atribuiu. E acto contínuo foram invadidos pelos exércitos dos países árabes vizinhos.
Até 1967, Gaza pertencia ao Egipto, que perdeu o território na guerra que esse ano desencadeou contra Israel. Em 1982, pelos Acordos de Paz, Israel devolveu o Sinai ao Egipto e também Gaza. Mas os egípcios não a quiseram de volta, por razões conhecidas. Gaza passou a ser um território “disputado” à luz do direito internacional, não “ocupado”, com a propaganda e o linguajar político e ideológico sustenta.
Em 2006, Israel entregou Gaza aos árabes e evacuou todos os judeus, deixando todavia 3000 estufas a funcionar, infraestruturas, etc. Pela 1ª vez na História, os árabes da Palestina tinham soberania sobre um território. Dinheiro não faltava, os petrodólares jorravam, as fronteiras estavam abertas, não havia bloqueios, nem “agressões sionistas”, e mais de 100 000 palestinianos iam para Israel trabalhar todos os dias. Falava-se de uma possível Singapura do Médio Oriente. Mas tudo Isso acabou assim que de Gaza começaram a sair mísseis, terroristas e bombistas suicidas. E tem sido essa a rotina nos últimos 20 anos.
Olha-se para isto e a pergunta emerge: Porquê? Porque é que esta gente que governa Gaza, faz isto a si própria? Porque atacam Israel sabendo de antemão que vão trazer destruição sobre eles mesmos?
É estupidez? É o resultado de uma ideologia infantil que não entende a relação entre acções e consequências? Ou será o facto de terem como objectivo destruir Israel e contarem com o milenar ódio aos judeus, sabendo que para os indigentes que os aplaudem quantos mais árabes morrerem, maior a “vitória” do Hamas, já que reforçam esse ódio e a inenarrável demonização de Israel?
Não tenho dúvidas que muitos habitantes de Gaza prefeririam viver as suas vidas em paz e sossego, mas a verdade é que cada vez que uma câmara de TV escolhe um árabe para se expressar, segue-se um chorrilho de queixas, gesticulações, acusações e ódio.
Aos seus líderes? Não, aos judeus! E contudo a equação básica neste conflito é simples de compreender: Os judeus querem existir em paz na região, o Hamas quer matar judeus e destruir Israel. Não sou eu que o digo é a sua Carta Fundadora, disponível para quem a quiser ler.
Ah, mas “as populações não são o Hamas e privá-los de certas coisas é punição colectiva”
Aqui a hipocrisia e a mais descarada desonestidade cavalgam sem freio. Desde quando qualquer grupo humano é obrigado a abastecer e alimentar o grupo humano que o ataca? Como é que isto pode fazer sentido na cabeça de alguém?
Gaza é uma “prisão a céu aberto”, juram os activistas do ódio aos judeus. Não, não é! O Hamas escolheu transformar Gaza numa base de ataque a Israel, e não pode esperar que aqueles que ataca, lhe abram as portas e lhe forneçam serviços e comodidades. Gaza tem fronteiras com o Egipto, pode muito bem tratar com o Egipto o que bem entender, não pode é exigir a Israel que responda com amabilidade, sorrisos e doces, a mísseis, bombas e assassínios.
Como isto irá continuar? Para já Israel terá de destruir o Hamas. Custe o que custar e irá custar muito, porque Gaza é, desde que o Hamas se apoderou dela, matando milhares de conterrâneos da Fatah, um fortim repleto de túneis, posições de combate, tudo isto propositadamente instalado em residências, hospitais, escolas, etc.
Se o Hamas não for destruído, Israel perderá a capacidade de dissuasão e será atacado sistemática e repetidamente por outros grupos islâmicos e terroristas, nomeadamente o Hezbolah, que é, como se sabe, um poderoso exército às ordens do Irão.
O que se seguirá, não sabemos, mas Israel não pretende ocupar Gaza, o que, só por si, desfaz o “argumento” habitual dos activistas do ódio antissemita. O que será razoável esperar é a desmilitarização completa da Faixa e uma vigilância permanente para destruir à nascença qualquer tentativa de recriar uma organização armada. Ao mesmo tempo, favorecer o desenvolvimento económico da zona, para que aquelas populações possam ter esperanças de uma vida normal, longe da tutela e manipulação de fanáticos e terroristas. Para isto é necessária que saia de uma qualquer cartola uma solução política inovadora. Sinceramente não estou a ver nenhuma no horizonte.
A não ser isto possível, Israel terá de cortar todas as ligações ao território, suspender todos os fornecimentos e instalar à volta de Gaza, um dispositivo de segurança que impeça a repetição do que aconteceu à uma semana. Se os muros não impedem milhares de assassinos de invadirem Israel numa orgia de sangue e ódio, algo mais eficaz, do ponto de vista militar, terá de ser posto no terreno, mesmo que esteja nas margens das leis da guerra. E para o governo de Israel, ou de qualquer país, a responsabilidade é para com a segurança do seu povo, não para com abstrações utópicas ou sinalizações de virtude de quem está a milhares de quilómetros em segurança no seu sofá.
Ficou claro? Hamas sem armas: Gaza e Israel em paz e sossego, com as pessoas a viverem as suas vidas normalmente. Hamas com armas: Violência, agressão, crueldade, terrorismo, ódio, morte, miséria. Solução: Desmilitarizar Gaza, destruir o Hamas! Tão simples e contudo tão difícil de conseguir!
Golda Meir, cujo filme está agora nos cinemas, resumiu em poucas palavras a essência deste problema: “A paz virá quando os árabes amarem as suas crianças mais do que nos odeiam a nós”.
Infelizmente o ódio é ensinado a todas as crianças árabes da região, inclusivamente nas escolas da ONU e parte do dinheiro para esse programa de ódio, é aquele que eu, o leitor e todos os cidadãos entregam ao estado português. Face a tudo isto, talvez valesse a pena cada um de nós, ouvir a canção de Bob Dilan, “The Neighborhood bully”, e atentar bem na sua lírica:
“…His enemies say he’s on their land
They got him outnumbered about a million to one
He got no place to escape to, no place to run
… he just lives to survive,
He’s criticized and condemned for being alive
He’s not supposed to fight back, …
He’s supposed to lay down and die when his door is kicked in…”