1. Uma jornalista idiota telefonou-lhe a perguntar: “Qual é a sensação de saber que se foi condenado à morte pelo ayatollah Khomeini?” Ele respondeu: “Não é boa.” E pensou: “Sou um homem morto.” Foi assim que ele soube. Isto foi no mesmo dia em que Bruce Chatwin, que era amigo dele, foi a enterrar.
2. Ele não faltou ao funeral. Depois, quando chegou a casa da mãe do seu filho, a polícia britânica já estava lá. Da mesma forma aparentemente desorganizada mas firme com que resistiu a tantas outras ameaças, o país tomou conta dele. Dois pais que exigiram que o filho dele saísse da escola onde estavam os seus próprios filhos foram repreendidos pelo director da escola e o filho dele ficou. Os editores americanos dos seus livros também ficaram resolutamente do lado dele, apesar das ameaças de boicote. Amigos como Edward Said ficaram do lado dele.
3. Muitos outros afastaram-se dele. Editores adiaram edições. Jornais cancelaram entrevistas. Intelectuais manifestaram dúvidas: talvez ele devesse ter tido mais cuidado, mais respeito, porque quem era ele para ofender outras pessoas, etc. No fundo era um arrivista, um tipo a aproveitar-se da polémica para ganhar dinheiro, etc. O mundo está cheio de cobardes, prontos a pedir desculpa por serem pisados.
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