Os portugueses têm acompanhado com incredulidade e espanto o que vem ocorrendo na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão da TAP. Com cenas equivalentes a uma série da Netflix ou da HBO. Com episódios ao nível das mais baixas intrigas do PS, que pensa ser o Dono Disto Tudo. Este partido age como se fosse dono do Estado, confundindo-se com ele.
Tenho 44 anos e voto desde os 18. Nunca tive filiação partidária. Acredito nas democracias liberais e quero ver no meu país uma verdadeira democracia liberal. Já votei em quase todos os partidos. Também já votei no PS e contribuí – muito ingenuamente – em 2005 para a maioria absoluta de José Sócrates.
Em 2022, os portugueses voltaram a dar maioria absoluta ao PS – desta vez, felizmente, sem o meu voto – premiando António Costa.
As consequências estão à vista. Há seis meses que quase todo o espaço público vem sendo preenchido com intrigas e alcoviteirices dignas de uma série televisiva, mas indignas da política nacional.
Tudo começou a 24 de Dezembro, com uma notícia do Correio da Manhã sobre o meio milhão de euros que a TAP havia concedido a Alexandra Reis para cessar funções como administradora da companhia aérea e pouco antes de chegar ao Governo, como secretária de Estado do Tesouro. A tal ponto que foi necessário o inquérito parlamentar ainda em curso. Muito do que aqui tem vindo a ser apurado deve-se ao trabalho da Iniciativa Liberal.
Entretanto, à margem do folhetim da TAP, com episódios cada vez mais deploráveis, o Governo continua a exibir o seu socialismo, caracterizado por impostos confiscatórios. Mensalmente, saca 50% em impostos sobre o meu trabalho.
Dirijo um apelo a todos os contribuintes deste país. Façam este exercício de cidadania: olhem para os recibos ou notas de liquidação dos vossos IRS e verifiquem tudo aquilo que vos é surripiado pelo Governo.
Não ignoro que em todos os países desenvolvidos há pagamento de impostos, por vezes elevados. Porém, observo o o meu país e questiono-me o que recebemos em troca desta pesada carga fiscal. Não podemos comparar-nos à Suécia ou à Dinamarca na oferta pública de saúde, na escola pública nem aos serviços do Estado em geral.
Faço o balanço destes quase oito anos de exercício governativo de António Costa para concluir o que fez o PS ao esforço fiscal dos quatro milhões de contribuintes portugueses, gente como eu.
O que temos? Um “Serviço Nacional de Saúde” em estado calamitoso. Uma habitação pública inexistente. Uma escola que não funciona. Uma justiça paralisada. Uma rede ferroviária em colapso. Uma transportadora aérea que já sugou 3,2 mil milhões de euros. Um novo aeroporto de Lisboa ainda sem localização: nem ao menos isto o Governo foi capaz de decidir.
Enquanto o país empobrece e as instituições se degradam, José Sócrates continua a passear alegremente pela Ericeira, tantos anos depois, sem responsabilidades penais. João Galamba, um dos seus discípulos, envergonha todos os portugueses – e até alguns colegas do Governo – fazendo mergulhar o Ministério das Infraestruturas num caos.
Como é possível, neste quadro, “atrair os melhores” para a política?
Como é possível, neste contexto, garantir que a “geração mais bem preparada de sempre” permaneça em Portugal em vez de rumar a países onde recebe salários duas ou três vezes mais elevados?
Olho para o currículo da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e sei que trabalhou toda a vida, com mérito e talento. Construiu uma carreira digna. Hoje está no Governo. Por estranho que possa parecer, queria dirigir-me a ela e perguntar-lhe: como é que a senhora se olha ao espelho pela manhã? Como se permite estar integrada nesta equipa governativa? Os episódios dos últimos seis meses não a envergonham? Não lhe dão vontade de dizer “Basta”? Vai querer continuar a ver o seu nome associado a outros que envergonham o Estado?
Se estivesse no seu lugar, demitia-me. Em nome da moralidade, da sanidade democrática, da ética republicana.
Deixo também uma mensagem ao primeiro-ministro António Costa, que considero – não tenho nenhum problema em afirmá-lo, apesar de não ter votado no PS – um político extremamente talentoso. Deveria utilizar as suas excelentes capacidades em prol do País e do Estado. Deveria querer deixar a sua marca na história como alguém que implementou boas políticas e tomou as melhores decisões para fazer progredir Portugal.
Senhor primeiro-ministro, como é que depois destes episódios dos últimos meses consegue olhar para os seus filhos e os seus netos? Que país irá deixar-lhes? Que exemplo de liderança é o seu? Não sente vontade de dizer “Basta”? Não sente vontade de se livrar de tanta gente incompetente que persiste em manter à sua volta? Não percebe que se arrisca a passar à história pelos piores motivos?
São reflexões de uma portuguesa cada vez mais preocupada com o rumo desgovernado do País.