Ou o PSD diz, rápido e definitivamente, NÃO ao Chega ou será, brevemente, balão de oxigénio que garante a sobrevivência política de António Costa e do Partido Socialista.
Há sensivelmente um ano, Portugal foi surpreendido por uma inesperada vitória absoluta socialista. Tão inesperada quanto esse resultado, é o momento de instabilidade e descrédito a que chegámos em tão pouco tempo.
Após terem conseguido uma confortável e independente maioria governativa – e apesar do (quase permanente) amparo do Presidente da República – António Costa e o PS construíram um governo de fraca qualidade e sem propósito nacional.
Os governantes foram, demasiadas vezes, escolhidos sem critério e muitos aceitaram governar sem noção das suas responsabilidades e obrigações.
A falta de um projeto político reformador claro deu oportunidade para o emergir do pior que a política pode trazer: luta fratricida e infantil pelo poder como se Portugal e os portugueses fossem brinquedo do Partido Socialista.
Num país que tanto se legisla, não fosse a realidade trágica e poderíamos escrever, num ato de ironia e sarcasmo, que deveria existir lei a proibir o Partido Socialista de alcançar uma maioria absoluta.
De facto, não é normal. Após uma primeira experiência, na liderança de José Sócrates, marcada pela corrupção que conduziu à bancarrota nacional, não poderia o Partido Socialista voltar a falhar desta forma numa segunda oportunidade.
Tal como faz com os serviços públicos – que apregoa como ninguém, mas que não descansa enquanto não destrói – o PS de António Costa está a dizimar a já parca esperança dos portugueses no sistema político e democrático.
Nesta circunstância, o PSD tem de se fazer alternativa séria. E é fácil!
Nos últimos 20 anos, o PSD, com Pedro Passos Coelho, é a única memória de um governo decente e responsável em Portugal. Basta não hesitar na criação de um projeto alternativo claro – sem medo de censurar o que é obviamente censurável – e os portugueses, inclusive grande parte daqueles que votaram no Chega, perceberão que é o único partido capaz e com provas dadas para recolocar Portugal no caminho certo.
Para isto, é urgente dizer, de forma clara e inequívoca, NÃO ao Chega! E dizer não ao Chega é fácil porque a matriz ideológica e o espirito dos militantes do PSD nada têm a ver com tal partido.
Todos os que, como eu, acompanharam de perto o último combate eleitoral do PSD percebem como o PS sobreviveu à custa da narrativa do medo que, rapidamente, se prontificará a criar novamente.
Os portugueses – com razão – rejeitam a possibilidade do Chega chegar ao poder. E entre essa hipótese ou o drama socialista, continuarão a escolher o PS.
Ao lado de Jorge Moreira da Silva, defendi a imposição desta linha vermelha. Mais tarde, no congresso do PSD e em outros fóruns internos já com Luis Montenegro, voltei a reforçar a opinião.
Hoje, publicamente, sinto a obrigação de o fazer porque ou o PSD diz não ao Chega ou estará, irremediavelmente, a dizer não a si próprio.