Para a maioria dos portugueses, até ao início de Novembro, com a demissão de António Costa, as eleições legislativas estavam num horizonte longínquo. Duvido que 99% dos portugueses pensem na política a uma distância de dois anos. Agora, os eleitores portugueses sabem que há eleições a 10 de Março. Também sabem que os candidatos a PM são Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. É agora que estão a começar a olhar para o líder do PSD como um potencial PM. Muitos portugueses olham para Montenegro e perguntam: será que pode ser PM? Esta é a questão decisiva da campanha eleitoral. O que significa que se Montenegro e o PSD fizerem uma campanha positiva, ganham as eleições. Mas é preciso faze-lo e trabalhar muito. O erro fatal que o PSD poderia cometer seria achar que a vitória vai cair do céu, só porque se chegou ao momento de mudança de ciclo. As vitórias eleitorais conquistam-se, não são oferecidas.

O PSD deve, obviamente, recordar os erros dos governos socialistas, dos quais PNS fez parte desde 2015. Deve relembrar o modo como PNS saiu do governo, os seus fracassos como ministro e o modo ligeiro e irresponsável nacionalizou a TAP, o que custou uma fortuna aos portugueses. O PSD também deve explicar que a situação da saúde e da educação públicas é pior hoje do que era em 2015, ano em que o partido deixou o governo. Deve ainda atacar a falta de cultura democrática do PS, o modo como o partido colonizou o Estado, as clientelas que alimenta, usando empresas públicas para o fazer, e o tráfico de influências como método de governação.

Mas os ataques e as críticas ao PS estão longe de ser suficientes para vencer as eleições de um modo convincente. Montenegro deve mostrar que tem as ideias e as propostas correctas para resolver os grandes problemas dos portugueses. O primeiro dos problemas, e onde tudo começa, é o enriquecimento dos portugueses. O Portugal socialista empobreceu, não enriqueceu. Montenegro tem que apresentar propostas realistas e ambiciosas para colocar a economia a crescer de um modo sustentável a 4, 5, 6% ao ano, como conseguem outros países da União Europeia. Crescer 1 ou 2% não é suficiente para enriquecer. Serve apenas para remediar, a aspiração dos governos socialistas. O PS e as esquerdas não querem um país rico, mas sim um país de dependentes do Estado.

As empresas são o motor do crescimento económico. Muitos dizem que Portugal é um país de reformados e de funcionários públicos. Mas é muito mais do que isso. Também é um país de pequenas e médias empresas, de comerciantes, de empreendedores. Merecem que a burocracia, a intervenção do Estado, a carga fiscal não os atrapalhem. O PSD deve apresentar políticas económicas que deixem as empresas crescer e criar riqueza. As empresas não precisam de ajudas. Precisam que não as atrapalhem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Portugal tem que se tornar um país exportador. Deve aspirar a que mais de 50% do PIB venha das exportações. Precisamos de um governo que ajude a construir uma economia aberta, com vocação para se internacionalizar. O nosso país olha para a União Europeia sobretudo como a origem de fundos financeiros. É fundamental mudar a nossa visão da Europa. A União Europeia é também um Mercado de 27 países e de quase 450 milhões de cidadãos. As empresas portuguesas também são empresas europeias, fazem parte de um enorme mercado sem fronteiras e com poucas barreiras comerciais.

O crescimento económico também é fundamental para melhorar as nossas políticas sociais, sobretudo a saúde e a educação. Os países remediados são os que mais necessitam de políticas sociais. Mas os países ricos são os que têm as melhores políticas sociais. O PS promove eternamente melhores políticas sociais, mas depois impede o enriquecimento do país. Se Portugal não enriquecer, nunca terá políticas sociais justas. Um dos maiores dramas da governação socialista foi ter habituado os portugueses à pobreza. È necessário um governo que diga aos portugueses que podem ser ricos e, sobretudo, que os ajude a enriquecer.

Se houver crescimento económico, os serviços dos hospitais públicos e das urgências vão melhorar. São os mais pobres, os mais vulneráveis, os mais idosos que serão os maiores beneficiados. Quando os governos socialistas terminaram com as parcerias público privadas na saúde, fechou o acesso das populações mais pobres a cuidados de hospitalares de qualidade.

Se houver crescimento económico, a qualidade das escolas públicas aumentará. Os professores podem receber melhores salários.

Se houver crescimento económico, o salário mínimo pode aumentar, os jovens terão melhores ordenados, e será mais fácil comprar casas decentes.

Os portugueses merecem melhores hospitais públicos, melhores escolas públicas, ordenados mais elevados, acesso mais fácil a habitação. Mas tudo isso só será possível com mais crescimento económico. Se a economia não crescer, continuaremos a adiar o futuro de Portugal e a enganar os portugueses com promessas que não podem ser cumpridas. O PS tem empobrecido Portugal. O PSD deve voltar a colocar o enriquecimento como a ambição principal dos portugueses.

PS: A imprensa e os dirigentes do PS passaram semanas a sublinhar a mobilização do partido para as eleições internas. Os números mostram o contrário. Com 24.000 votos, PNS foi eleito com menos de metade dos votos dos militantes socialistas, cerca de 60.000. Se PNS não foi capaz de convencer metade dos seus camaradas a votar nele, como irá convencer os portugueses?