Em 2015, quando foi formada a geringonça, muitos afirmaram que estávamos perante um embuste político. Nem as esquerdas radicais tinham mudado, nem António Costa tinha uma estratégia política para o país. As esquerdas apenas queriam afastar Passos Coelho do governo. E António Costa queria ser PM a qualquer custo. A geringonça foi uma coligação negativa desde o primeiro dia. O que separa o PS do PCP e do Bloco é muito maior daquilo que têm em comum. O PS, o PCP e o Bloco deram-nos razão.

A integração europeia é o centro das políticas económicas e sociais do nosso país. A nossa moeda é o Euro. A nossa política monetária é definida pelo Banco Central Europeu. As regras orçamentais são fiscalizadas por Bruxelas. Os fundos europeus são indispensáveis para as nossas políticas sociais. Os nossos mercados de trabalho, de energia, de comunicações, ou de transportes devem estar de acordo com regras europeias. A maioria dos bens que consumimos resulta do mercado comum. E grande parte das nossas exportações vai para os mercados dos nossos parceiros da União Europeia. A economia e as políticas sociais dependem quase inteiramente da Europa.

O PS sabe muito bem como a Europa é essencial para exercer o poder em Portugal. O PCP e o Bloco, fieis às suas naturezas revolucionárias, continuam a ser partidos anti-Euro; e no caso do PCP, anti-Europeu. Em Portugal, não é possível construir uma coligação de governo positiva entre partidos pró-europeus (como o PS) e partidos anti-europeus (PCP e Bloco). A geringonça serviu apenas para manter o PS no governo, e para o Bloco e o PCP, em troca do apoio orçamental, receberem algumas migalhas de influência e de poder. Ao contrário do que disse António Costa em 2015, o muro entre o PS e o PCP e o Bloco nunca foi derrubado. O muro chama-se Euro e União Europeia. O que foi mesmo derrubada agora foi a farsa em que vivemos desde 2015.

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