“Administração é fazer as coisas de forma certa. Liderança é fazer as coisas certas.”
Peter Drucker

Uma organização pode ser entendida como um grupo de indivíduos reunidos em torno de um propósito comum, procurando objetivos específicos e trabalhando de forma coordenada para alcançá-los. As organizações podem assumir diferentes formas, como empresas, instituições governamentais, organizações sem fins lucrativos e assim por diante, desempenhando todas um papel central na nossa sociedade, influenciando a economia, a política e a vida quotidiana das pessoas.

A ideia prevalecente de que todas as instituições devem ser geridas exclusivamente por gestores de formação, com uma abordagem tecnocrata voltada apenas para os resultados, está cada vez mais em questão. Por essa razão, é importante perceber a diferença entre um líder e um gestor e porque é que há necessidade de optarmos pelo líder. Assim, referirei a importância de líderes inspiradores e humanos nas organizações, em contraposição à gestão puramente tecnocrata, que muitas vezes negligencia o bem-estar laboral e a felicidade organizacional.

Um líder pode ser definido como uma pessoa que possui a capacidade de influenciar e guiar os membros de uma organização em direção ao alcance dos objetivos comuns. Segundo Warren Bennis, um dos principais especialistas em liderança e gestão organizacional do século XX, o líder é alguém que faz a diferença, que exerce influência além da autoridade formal e que mobiliza outras pessoas a fazerem grandes coisas. Nessa perspetiva, um líder não se limita apenas a cumprir tarefas, mas também inspira e motiva os membros da organização a alcançarem o seu pleno potencial.

Embora muitas vezes os termos “gestor” e “líder” sejam usados indistintamente, é importante destacar as suas diferenças fundamentais. Enquanto o gestor se concentra principalmente na eficiência operacional, na aplicação de políticas, nos procedimentos estabelecidos e na procura dos resultados, o líder vai além disso. Um líder preocupa-se com o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores, promove um ambiente de trabalho saudável e inspira a inovação e a criatividade.

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Por esse motivo, é essencial repensar o modelo tecnocrata de gestão e priorizar líderes inspiradores e humanos nas organizações. Ao focarem-se exclusivamente no lucro e na eficiência, os gestores, exageradamente, tecnocratas muitas vezes negligenciam o bem-estar dos colaboradores, o que pode levar a um ambiente de trabalho tóxico, falta de envolvimento, absentismo e, em última instância, a resultados insatisfatórios.

São inúmeros os casos históricos que demonstram os efeitos prejudiciais de uma gestão tecnocrata, desprovida de uma liderança inspiradora. Basta observar a crise financeira de 2008, na qual grandes instituições financeiras foram conduzidas à falência devido à procura incessante pelo lucro imediato, sem levar em consideração as consequências de longo prazo. Nesses casos, os gestores priorizaram estratégias arriscadas e ganhos de curto prazo em detrimento da estabilidade e sustentabilidade das empresas.

Poderá estar a pensar que isto é apenas a opinião de um professor e que por esse motivo vale o que vale. Mas aprendi, e ensino diariamente, que a validade do argumento não está no título ou na experiência de quem o faz, mas na solidez e sustentação científica da própria argumentação.

São vários os autores e especialistas em liderança que têm destacado a importância dos líderes inspiradores e humanos para o sucesso das organizações. Por exemplo, Simon Sinek, autor do livro “Start With Why”, destaca a importância de líderes que inspirem os seus colaboradores, criem um sentido de propósito e promovam a confiança e a colaboração.

Jim Collins, autor de “Good to Great”, argumenta que as empresas que alcançam um desempenho excecional são aquelas lideradas por líderes humildes, determinados e voltados para a equipa, em vez de gestores focados apenas nos números financeiros.

Refletindo sobre estas visões, fica claro que do que o mundo precisa é de líderes inspiradores que promovam uma cultura organizacional saudável, valorizem os seus colaboradores, incentivem a criatividade e a inovação e estejam comprometidos com o bem-estar e o desenvolvimento das pessoas.

A mudança de narrativa em relação ao endeusamento dos gestores tecnocratas é fundamental, porque as organizações são complexas e compostas por seres humanos e é essencial reconhecer a importância das competências comportamentais como características indispensáveis dos líderes.

Precisamos repensar os critérios de seleção e promoção nas organizações, priorizando não apenas as competências técnicas, mas também as competências de liderança, empatia, comunicação e inspiração. É imperativo!