A cada dia que passa, mais se ouve falar da teoria da “união das direitas” à volta do PSD. Há uma série de escribas que se têm dado a esse trabalho e com ampla cobertura dos jornais que precisam de texto para encher as páginas subsidiadas pelo contribuinte. A chatice é que ninguém percebe a diferença, actualmente, entre o PS de António Costa e o PS(D) de Rui Rio. Muito menos para que serviria essa “união”. Uma “união” que excluiria, claro, a “direita” que dá pelo nome de Chega. Mas pretendem “unir” a “direita”.

Ao fazerem apelos a essa “união”, e para tornarem a coisa mais “convincente”, apelam ao regresso de Pedro Passos Coelho. A chatice, como já se percebeu, é que Passos Coelho parece não ter interesse em regressar a um país de “habilidosos” e “cataventos”. Passos Coelho tem um capital político de decência, pelo que não deve ter interesse em regressar a este país onde escasseia a competência.

Posto isto, só mesmo alguns sectores coniventes com o “socialismo reinante” vão conseguindo tempo de antena para fazer circular essa ideia da “união” da Iniciativa Liberal (IL) e do CDS à volta do PS(D), que ainda ninguém percebeu para que serviria.

O PS de Costa aplaude esta estratégia. Os satélites das esquerdas também.

Já agora, quem é que poderá estar preocupado, actualmente, com o eventual “esvaziamento” do CDS? Apenas o PS de Costa, como é óbvio, na medida em que o CDS domesticadinho não causa sarilho ao PS. Contudo, o desaparecimento do CDS parece cada vez mais certo. Todos o percebem. O crescimento da Iniciativa Liberal (que leva os “liberais”) e do Chega (que leva a massa conservadora) está a esvaziar o CDS até à insignificância. Isto, quando todos percebem que apenas o voto no Chega parece garantir um voto certo no combate ao(s) socialismo(s).

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Mas há mais: com esta “união”, muito eleitorado jamais teria vontade de se deslocar a uma mesa de voto para votar numa “amálgama” de tudo e de nada. A desmobilização seria medonha para o “grande” partido da “união”. Em contrapartida, faria crescer o “voto de protesto” e A. Ventura agradeceria. Ventura e o movimento Chega. Nas presidenciais de 2021, para os mais distraídos, a lição do Alentejo foi clara: Chega retirou votos ao PCP e mobilizou eleitorado.

Em suma, apenas os mais distraídos e que não conhecem o eleitorado português é que pensam que se pode “unir” as direitas e retirar o PS do poder. Errado! A “união” não soma em votos, mas subtrai. Há “animosidade” entre CDS e PSD, mas ainda mais entre a IL e o CDS e vice-versa, cujo eleitorado se desmobilizaria com essa “união”. Pior: o que se propõe nesses artigos, nem sequer é uma união, mas uma “absorção” do PSD pelo CDS e IL. O Chega agradece essa “união/absorção” e A. Ventura esfrega as mãos de contente.

O problema, no meio de tudo isto, é que continuamos a viver numa “venezuelização” em curso e que está a afundar este país.

Vale bem a pena pensar nisto!