As eleições autárquicas estão à porta e já ninguém se lembra que há menos de um mês estávamos em plena campanha para as eleições presidenciais. O foco dos partidos vira-se agora para o poder local. Há um virar de atenção das pessoas nesta fase da vida política nacional, começam a querer saber quem serão os candidatos locais e a questionar-se sobre os namoros e/ou aproximações políticas do costume. Às mensagens já não ligam tanto. Assumem que é mais do mesmo. Ou talvez já não seja.

Para a Iniciativa Liberal (IL), estas eleições assumem uma importância especial por diversas razões. Primeiro, porque determinam o fechar de um ciclo. Desde a sua fundação, há três anos, as eleições autárquicas são as únicas em que a Iniciativa Liberal ainda não participou. Desde as Europeias às Legislativas passando pelas Regionais e Presidenciais, a ida a votos pelas diversas eleições têm garantido um crescimento constante e, principalmente, sustentado da IL. Porque é assim que se deve construir uma alternativa, sendo ambicioso no lugar onde se quer chegar, mas com atenção ao chão que pisamos, garantindo que cada passo é o correto, sendo pragmático (ou responsável) e sem entrar em divagações desmedidas ou loucuras de percentagens ou lugares a alcançar. Se a Iniciativa Liberal é um partido de ideias, o importante é passar e concretizar essas ideias.

Este foco da Iniciativa Liberal nas ideias encerra em si mesmo outro desafio nestas autárquicas. Se numas eleições nacionais é difícil mostrar mensagens contra-intuitivas a uma sociedade que durante décadas foi empurrada para a noção de que a única solução é depender do Estado e que apenas deve servir o Estado, com a desculpa do “bem comum”, imagine-se querer comprovar que existe uma alternativa a isto? Uma alternativa em que afinal tudo pode depender apenas da capacidade do indivíduo, do seu querer, da sua escolha e da sua capacidade de concretizar? Imagine-se ter as ferramentas, as oportunidades, em total liberdade de escolha, sendo que a única “exigência” é a responsabilidade individual por essas escolhas/decisões? Esta tarefa fica mais difícil a nível local, mas é assim que se deve construir uma alternativa, sendo coerente nas mensagens que se passa, sem medo de dar informação total e transparente ao cidadão, que no fim de contas é quem mais precisa dela para tomar as decisões. Se a Iniciativa Liberal é um partido de ideias, o importante é mostrar novas ideias.

Contudo, a nível local existe o desafio do autarca que todos conhecem dos anos anteriores, dos beijinhos e das habituais visitas aos mercados em campanha e que já se conhece pelo nome. Não confiar em alguém novo e ter-se dúvidas é humano e aceitável. Mas é também assim que se deve construir uma alternativa, mostrando caras novas e trabalhando para a renovação que se quer, assumindo os riscos e os resultados desse caminho. Se a Iniciativa Liberal é um partido de ideias, são precisas caras novas que tragam novas ideias.

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E, por último, um desafio ainda maior. Fazer as pessoas perceber que, a nível local, tudo (a sério!!! É mesmo tudo) é política. Desde o momento em que saímos de casa e colocamos o pé no passeio, estamos a falar de território local, quando despejamos o lixo mais perto ou mais longe de nossa casa, estamos a falar de saneamento local, quando corremos para o autocarro ou tentamos estacionar o carro, é mobilidade local. Quando ao fim de semana passeamos no jardim, voltamos ao território local. E tudo isto é política, local, mas ainda assim política, e tudo isto depende de uma autarquia e, principalmente, da decisão consciente de cada um de nós baseada no que queremos para o futuro da cidade, vila, aldeia, rua onde vivemos. Depende do que desejamos para o futuro da nossa família. E depende, principalmente, de aceitar que existem formas diferentes de olhar para tudo isto. Basta querer mudar.

Parece simples, não é? Na teoria sim, na prática é difícil implementar. Por uma simples razão: quebrar a gestão autárquica dos últimos 40 anos e apresentar uma mudança liberal para o poder local, com um novo modelo de gestão, é uma tarefa enorme.

Explicar que é urgente um novo modelo de gestão onde a autarquia esteja efetivamente ao serviço dos seus cidadãos, sem as políticas de betão do costume e focada em resultados concretos, olhando para o munícipe como se de um “cliente” se tratasse. E isto não significa reduzir de forma cega o poder local, mas significa um Estado local menor, menos ama-seca dos seus cidadãos, mas que seja mais eficiente no serviço aos mesmos.

O poder local tem de sair do caminho das pessoas e das empresas, deixar de impor limitações políticas ou administrativas e passar a contribuir para que todos possam desenvolver-se. Este Estado local deve servir apenas para as funções estritamente necessárias e garantir que pesa pouco no bolso dos contribuintes. E é por tudo isto que é difícil implementar esta mudança, ou seja, querer reprogramar décadas de interesses estabelecidos e polvos político-administrativos, com tentáculos em muitos dos atores locais de um concelho, é extremamente ambicioso, até porque implica que quem vota, quer efetivamente mudar.

A Iniciativa Liberal tem consciência dos limites desta visão e da sua aplicação prática, seja pelas limitações financeiras existentes, seja pela limitação dos recursos humanos existentes. Mas também nestes pontos é possível fazer diferente e tratar os funcionários das diferentes autarquias como aquilo que são: peças fundamentais na implementação da mudança e não meras ferramentas ao dispor de um qualquer edil, sem consideração pelas pessoas que tem a seu cargo. Não podemos esquecer que os colaboradores das autarquias têm eles próprios ambições e também aqui é importante implementar sistemas em que o mérito seja recompensado, e não o compadrio, e garantir as formações necessárias para toda esta mudança que é urgente. Também para eles existem outras alternativas. Com eles e não apesar deles.

A Iniciativa Liberal vai a votos novamente. Com ideias novas, contra-intuitivas talvez, mas focadas no munícipe e no seu futuro. Com caras novas, mas que se traduzem na renovação que se pretende. Sem as falácias do costume, mas com mensagens claras, transparentes e pragmáticas. E que se forem implementadas, podem melhorar as condições e a qualidade de vida de todos.

Se a Iniciativa Liberal é um partido de ideias, o importante é passar as ideias. Ao contrário de outros partidos, sejam novos ou do sistema, não mudamos a nossa mensagem conforme muda o tempo, o local ou o destinatário. Os votos que temos e ambicionamos são o resultado da mensagem que é a nossa e não aceitamos mudar a mensagem para termos os votos.

A Iniciativa Liberal é o partido das ideias e chegou a altura de passar essas ideias a nível local.