Porque é que os “Luanda Leaks” estão a ter a repercussão nacional e internacional que têm? Porque Isabel é filha do ex-Presidente Angolano o ex-todo poderoso José Eduardo dos Santos? Porque Isabel, não ela própria, mas alguma sociedade que ela controla, detém um património imobiliário milionário (casas luxuosas em Lisboa, Mónaco, Dubai, e outras que se descobrirão) o que é motivo de inveja? Porque é (uma milionária) negra, como a própria advoga, tentando usar o argumento do racismo?
Tudo isto pode ter alguma parcela de verdade, mas descura o essencial. O que é verdadeiramente chocante, e o que justifica esta repercussão é que a família dos Santos, é um símbolo de uma parte da elite angolana que enriqueceu, tudo indica, desviando as riquezas do país para benefício próprio, quando grande parte da população angolana vive em condições de pobreza e de miséria. É isto que mais revolta, a riqueza de uns poucos a par da miséria de muitos. Não serão os únicos, mas serão dos que mais se aproveitaram, e deverão por isso ser investigados e, se for caso disso condenados, para dar um sinal claro que com João Lourenço as coisas começam a mudar em Angola. Do mesmo modo, os portugueses que na advocacia ou na consultadoria se prove que colaboraram de forma intencional ou meramente negligente na implementação de desvio de recursos públicos e branqueamento de capitais deverão ser levados a julgamento.
Mais uma vez, o escândalo não surgiu da investigação de entidades de regulação e supervisão, não surgiu de auditorias a empresas, não surgiu do setor de compliance de bancos por onde passaram os fundos, muito menos de grandes sociedades de advogados que, sem preocupações de ética, nem sem querer saber para que são constituídas sociedades em offshores, apenas criam essas sociedades.
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