Faz agora uma semana que o Presidente Marcelo promulgou a lei das quotas de género. Rapidamente se ouviram vozes contra e a favor, fosse porque a economia real e a meritocracia é que devem mandar, fosse porque é preciso combater o estigma e o Estado e empresas machistas que temos.

A ambição traz resultados

Esta política fazia falta para acelerar a transição para uma nova igualdade, que é bem necessária quando das 46 empresas cotadas apenas uma tem uma mulher CEO e apenas 12% dos cargos diretivos são ocupados por mulheres. Podia até ter sido mais ambiciosa, por exemplo, abrangendo toda a contratação nas organizações visadas, incluindo grandes não cotadas e até mesmo as PME e IPSS, e certamente traria resultados mais rápidos.

Foi o que aconteceu com a energia solar, por exemplo, altamente subsidiada no início, e que hoje, fruto desse incentivo, é hoje economicamente competitiva e tem menor impacto ambiental do que as alternativas!

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Os empreendedores dão o exemplo

No empreendedorismo damos “dez a zero” em igualdade de género ao Estado e às cotadas. Até ao Governo, onde os números já são ligeiramente melhores (4 dos 17 Ministros são mulheres), damos uma “abada”.

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, em 2016, em Portugal, houve 59 mulheres por cada 100 homens empreendedores ou sócios de empresas criadas. Um número que nos coloca na metade superior de uma liga que, na União Europeia, é liderada por Espanha (com 83 mulheres empreendedoras por cada 100 homens), Grécia e dois escandinavos (Suécia e Finlândia), e tem nos piores classificados países como França, Hungria e Reino Unido.

Women do it better

Olhando com detalhe para as finanças alternativas, uma análise recente da PWC chegou a conclusões ainda mais interessantes: as campanhas de angariação de investimento via crowdfunding lideradas por mulheres têm 32% mais sucesso do que as lideradas por homens e angariam 5% mais capital por investidor.

No investimento em sustentabilidade, a tendência é a mesma. Na GoParity temos duas mulheres por três homens e a campanha mais rápida – eficiência energética na Escola Sueca de Lisboa – foi também liderada por uma mulher. Falta melhorar no equilíbrio entre investidores, onde apenas 20% são mulheres. A Abundance Investment, pioneira neste modelo (do Reino Unido), tem 35% de investidoras.

Enquanto que nas fontes tradicionais de financiamento há apenas 20% de mulheres em cargos diretivos e os investimentos das capital de risco (ou “venture capital”) destinaram apenas 3% do capital a empresas lideradas por mulheres, 23% do capital angariado em crowdfunding foi para campanhas lideradas por mulheres.

Se a democratização da economia é o grande objetivo, o equilíbrio de género é o maior benefício colateral das finanças alternativas.

Fundador da GoParity e presidente da Coopérnico