Este fim-de-semana, o Embaixador de Israel em Portugal dá-nos testemunho e oferece-nos o know how do seu país, para nos ajudar a enfrentar uma das maiores dificuldades que, como país, temos pela frente. Num artigo publicado no jornal Expresso, intitulado “Faça-se água”, Dor Shapira conta como os israelitas fizeram das fraquezas forças e são hoje o país líder global no sector da água.
Israel nasceu há 70 anos no deserto. O pequeno território que constitui o estado judaico (sensivelmente com a dimensão do Alentejo) era tudo o que os líderes do jovem país tinham para construir uma nação e dar condições de vida ao seu povo. Problema: este era um território sem água, e sem água, todos sabemos, não há vida. Ora, o que o Embaixador de Israel nos conta neste interessante artigo cuja leitura recomendo é que os vários governos israelitas, em vez de cruzarem os braços e se queixarem das condições climáticas, encararam a escassez de água como um desafio para toda uma nação.
Dor Shapira explica como se educou um povo para o uso eficiente da água, como se investigou e como se desenvolveram tecnologias avançadas para fazer água onde ela não existia.
Cito este artigo porque me parece que não há melhor exemplo para demonstrar como faz toda a diferença ter políticos empenhados e competentes, ao invés de não os ter. Aprendemos mais com três minutos de leitura deste texto do que com três horas de debate parlamentar a ouvir António Costa a fugir das suas responsabilidades.
Mas numa altura em que começamos, tarde e a más horas, a enfrentar aquele que vai ser um dos nossos maiores problemas, a escassez de água, vale a pena chamar a atenção para o que nos propõe o Embaixador de Israel: “Israel tem a experiência e a tecnologia e estamos disponíveis para trabalhar com Portugal para que encontre, mais rapidamente, as melhores soluções para fazer face à escassez deste bem.”
Reparem bem, Israel não só fez das fraquezas forças, como aproveitou as dificuldades para se tornar líder mundial nas questões da água. Ou seja, criou riqueza com as soluções que foi obrigado a procurar. É isto que faz um país com ambição. Não chora, não se queixa do triste fado, não se contenta com as médias europeias, aposta tudo em ser o melhor. Quem já visitou Israel viu com os seus próprios olhos como a vontade política e o engenho humano conseguem dominar a natureza e criar um oásis no lugar de um deserto. Basta ter vontade e ambição.
Olhando para as diferenças, ocorre-me propor ao executivo português uma visita de estudo a Israel. Estou certa de que aprenderiam mais numa semana do que em sete anos de Conselhos de Ministros inúteis. Afinal de contas, deve ser bastante mais difícil encontrar água onde ela não existe do que decidir onde se faz um aeroporto.