Desenho – grafite de Helena Abreu

Velhice !

Quanto mais velhos somos mais capacidade temos  de entender toda  beleza que nos envolve no mundo , na sociedade, junto de amigos e familiares .  Isto se estivermos de espírito aberto, o que nem sempre é fácil.

Mas podemos por começar a perceber e a filtrar o que realmente é importante na vida.

Com a ideia da nossa finitude, quero dizer o breve trecho das nossa vidas, sendo que os jovens assim não se movem, vamos percebendo que vamos poder ter aquela visão  sobre coisas que realmente nos vão impressionando, coisas que até achamos de um momento para o outro formidáveis e questionamos como foram conseguidas ao longo de gerações . Se olharmos em redor e pararmos por instantes, constatamos todo esse esforço de gerações.

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As cidades são disso um exemplo. O modo como as pessoas fizeram, prédios, pequenos negócios, indústrias,  sonhos de vida de comércio, se estabeleceram para servir, dar a ganhar  a outros, e ganhar o seu pão com enorme sacrifício, em torno  de algo que até sonhavam que podiam perdurar por gerações posteriores.

Uma perfeita ficção ou sonho concretizável. É avassaladora a ilusão humana sobre o seu futuro.

E também é admirável como o ser humano pensa e se move quanto a qualquer coisa que quer alcançar com ambição. Porque, pensando bem no fundo o seu futuro é o cemitério.  Mas é irónico pois ele não quer saber disso e ainda bem . Ele percebe que talvez não valeria a pena lutar mas não desiste de sonhar e empreender uma visão que teve nalgum dia , algo que pensa ser uma inovação sem a ser realmente em concreto. Pouco irá inventar mas ele pensa que não.

Portanto esse ser humano não pensa realmente na sua finitude. Senão ficaria parado e seria somente observador . Tenho pena daqueles que são simples observadores, daqueles que nada arriscam. De certo modo até os compreendo pois as adversidades são imensas em certas sociedades e ideologias que apregoam que  a iniciativa e  esforço individual pouco valem.

Faz parte da natureza humana assim ser. Sonhar por algo que quer ver seu sonho  concretizável . Assim disse António Gedeão na “ Pedra filosofal “.

 “ …. Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida.

Que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança

Como bola colorida

Entre as mãos de uma criança .”

É importante sentir felicidade e lutar por algo ficcional que se possa tornar realidade, mesmo sabendo que talvez pensando muito racionalmente e com todas as cautelas, até vai falhar. Ou que tudo irá acabar após a sua finitude.

É importante prevalecer uma força interior, meia louca, impulsiva, inconstante,  incoerente por vezes mas que nos faça mover e nos empurre pela luta de algo que acreditamos que possa acontecer.

Afinal de contas para que serve viver?

Sermos autómatos de uma sociedade ordeira, formatada e disciplinada ?

Que vazio caminho  é esse … o do medo.