No telejornal um deputado socialista, perante a falta de médicos no Algarve propôs que fossem construídos mais hospitais. Não sei o que pensar. Se foi um momento de humor, negro. Se o eleito não estava de posse das suas capacidades. Ou se não tem mesmo capacidades. Alguém que explique ao senhor deputado que não faltam edifícios, faltam médicos e enfermeiros.
Vale a pena rever a forma como “políticos” se recusam a olhar para os problemas. Como as auto-estradas e os cogumelos, as unidades de saúde e sobretudo as “especialidades” foram sendo “oferecidas” por todo o lado. Como se percebe não há médicos para “encher” estas unidades (como também não há carros para muitas das auto-estradas). Podia ser falta de clínicos, mas não, Portugal tem um rácio de médico por habitante que está em oitavo a nível mundial. À nossa frente, na Europa, só a Áustria e a Grécia. Abaixo dos nossos 5,12 médicos por mil habitantes, temos os 3,98 da Suécia e da Itália e os 3,87 da Espanha e os 3,61 da Holanda. As campanhas são sempre irracionais. Um hospital em cada freguesia, um posto médico em cada bairro, um enfermeiro para cada família. E todos os partidos entram nesta espiral de loucura até haver apenas um médico em cada “unidade”.
Apesar de os portugueses viverem a sonhar com a sua reforma, os nossos políticos têm horror a toda as restantes reformas.
A senhora ministra da saúde está debaixo de fogo por não ter conseguido em pouco tempo resolver todos os problemas que os sucessivos governos socialistas criaram na sua longa “governação”. O governo que fez, nos últimos anos, as únicas reformas em Portugal, na sequência de mais uma bancarrota, apesar das reformas, ganhou as eleições. O que se passou depois foi o desfazer das reformas por uma coligação de três partidos, dois dos quais deixaram de ter relevância. Ou seja, se explicarem a realidade à população esta entende.
Como se viu nesse tempo, em concelhos situados “à esquerda”, todos os utentes estiveram satisfeitos com os acordos com privados.
Excepto talvez para alguns deputados, é facilmente perceptível que não é possível termos tantas unidades (hospitais) a funcionar, ou a funcionar bem. Há que efectuar estudos, técnicos e isentos e encerrar o que tem de ser encerrado e ampliar o que se justificar. Os serviços de saúde da Suécia ou da Espanha funcionam. Com menos 20 ou 30% de médicos conseguem taxas de mortalidade inferiores à nossa.
Façam-se as reformas que o país precisa antes que o sistema colapse.