3 de novembro de 2020. Segundo grande parte da imprensa internacional, realizam-se “as eleições mais importantes da história dos Estados Unidos”. Algo exagerado, creio, mas adiante. A política americana está cada vez mais polarizada. Dois partidos que não se tocam, dois partidos cada vez mais fechados e dogmáticos.

Mas há que dizer o que poucos têm referido: independentemente do vencedor, lamentaremos neste dia a escolha de mais um fraco líder para a Casa Branca. Já o fizemos a 8 de novembro de 2016 – e o mesmo faríamos se Hillary Clinton tivesse ganho. E esse é um problema que a todos nos deveria preocupar. Um sintoma de uma crise de lideranças internacionais.

Em quatro anos, uma das maiores e mais influentes economias mundiais escolheu Trump, Hillary e Biden como candidatos à presidência. Terá sido o melhor que arranjaram, em teoria. A fragilidade das candidaturas atuais dos Republicanos e Democratas reflete-se nas respetivas campanhas eleitorais – mais uma vez, tal como em 2016. São campanhas focadas no descrédito da outra parte. É o único trunfo, quando têm pouco a enaltecer de si próprias.

É a campanha do “anti”. Anti-Trump. Anti-Biden. Um atropela a democracia e o Estado de Direito, o outro nunca demonstrou ter perfil para ser algo mais do que o número dois.

O apelo tão pouco entusiasmante ao voto em Biden pela revista The Economist (a mesma, que há 40 anos apoiou Ronald Reagan – enfim… outros tempos, outros líderes…) é bem revelador da pobreza das opções atuais:

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Joe Biden is not a miracle cure for what ails America. But he is a good man who would restore steadiness and civility to the White House. He is equipped to begin the long, difficult task of putting a fractured country back together again. That is why, if we had a vote, it would go to Joe.

Curiosamente, há quatro anos, o apoio a Hillary Clinton, pela mesma revista, foi ainda menos convincente:

Hence our vote goes to both Mrs Clinton and her party. Partly because she is not Mr Trump, but also in the hope she can show that ordinary politics works for ordinary people—the sort of renewal that American democracy requires.

Esperemos por melhor sorte daqui a quatro anos.