Esta semana a população mundial atingiu 8 mil milhões.

Ao mesmo tempo que batemos este recorde, as Nações Unidas também assinalam que as próximas décadas serão marcadas pelo envelhecimento acelerado da população. De facto, a percentagem da população com mais de 65 anos deverá aumentar de 10% para 16% em 2050, e será sensivelmente equivalente à percentagem da população com menos de 12 anos. Atualmente dois terços da população mundial vive em países onde a taxa de fertilidade (filhos por mulher) é inferior a 2,1. Com a fertilidade em queda, a população deverá estabilizar próximo dos 10 mil milhões em 2080, e o crescimento até 2050 será concentrado sobretudo nos países da África Subsaariana.

O envelhecimento da população tem dois efeitos principais. O primeiro é o aumento significativo da produtividade dos trabalhadores até aos 35-45 anos, à medida que a experiência profissional reforça as competências. O segundo, sobretudo nos países avançados, é a diminuição da taxa de participação no mercado de trabalho das pessoas a partir dos 55 anos.

Assim, o efeito do envelhecimento na população será provavelmente diferenciado conforme o estado de desenvolvimento dos países e a composição etária da sua população.

Em alguns países em desenvolvimento com populações muito jovens, o efeito de aumento da produtividade será dominante durante alguns anos. Por um lado, a redução da fertilidade e o adiamento da maternidade deverão permitir a melhoria das qualificações das mulheres. Por outro, a redução da taxa de mortalidade permite também aumentar a população ativa face à população inativa que dela depende.

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Se este efeito pode ser positivo para o rendimento per capita, é também nesses países que as redes formais de apoio aos mais idosos, quando existem, são mais frágeis. Serão necessários mais recursos para os reforçar.

Nos países mais avançados, os principais desafios consistem em assegurar que os sistemas de segurança social e de saúde se mantêm sustentáveis e que a taxa de dependência, isto é, o rácio de idosos reformados e de crianças face à população em idade de trabalhar não se torna um peso incomportável para a população ativa. O aumento da idade da reforma em vários países e os avanços da medicina têm permitido que as pessoas se mantenham ativas durante mais tempo. Estes dois fenómenos contribuíram para aumentar a taxa de participação das pessoas entre os 65 e os 69 anos na OCDE de 23.5% em 2010 para 28.2% em 2021, uma tendência que se deverá manter. Mas como sabemos, isto é insuficiente para compensar a queda da população ativa face à inativa. Preservar o rendimento per capita nos países avançados exige melhorias contínuas na produtividade.

Se os efeitos do envelhecimento não são homogéneos, o que parece claro é que à medida que a população envelhece, as políticas públicas, tanto nos países avançados como nos países em desenvolvimento, se orientarão cada vez mais para satisfazer as necessidades da população mais idosa.