Os problemas relacionados com as alterações climáticas e outras questões ambientais, como a perda da biodiversidade, afetam de forma desproporcionada as pessoas mais pobres. Alguns problemas ambientais afetam mais os países em desenvolvimento porque a sua capacidade de resposta está muito abaixo do que é desejável. Mesmo nos países avançados, as populações mais pobres sofrem tipicamente mais com os fenómenos climáticos extremos ao, por exemplo, não terem condições financeiras para evitarem variações extremas de temperatura nas suas próprias casas.
Se o problema das alterações ambientais não está desligado das condições sociais, também as respostas que a nossa sociedade tem dado a este problema têm custos que não são necessariamente repartidos de forma equitativa. Pegando, por exemplo, no caso das baterias solares, que têm registado um crescimento notável, cujas principais fontes de matérias-primas necessárias à sua produção têm de ser extraídas do subsolo com riscos ambientais e paisagísticos, encontram-se sobretudo em países em desenvolvimento.
Assim, não é possível desligar o desenvolvimento ambientalmente sustentável do desenvolvimento sustentável do ponto de vista social.
A consciência da necessidade de apoiar os países em desenvolvimento para este esforço comum está a crescer. Esta semana, vários líderes mundiais escreveram uma carta aberta a comprometerem-se com apoio financeiros e tecnológicos para investimentos “verdes” nos países em desenvolvimento. Mas também é importante apoiar mais as populações com menores rendimentos nos países avançados no âmbito das políticas ambientais.
Com efeito, o apoio das populações à transição climática só é possível se se minimizarem os custos ambientais e paisagísticos dos investimentos verdes para as populações locais. Também é desejável estruturar investimentos verdes compatíveis com o estilo de vida e as necessidades económicas das populações locais. O único caminho viável e duradouro para a transição climática, que é um processo longo, pensoso e com baixas garantias de sucesso, é a transição socialmente mais justa.