O resultado mais importante das eleições legislativas de 10 de março é a derrota do PS. Não me surpreende que as sondagens continuem a dar a vitória ao PS, nem que os mais recentes casos de Pedro Nuno Santos, como a pouca vergonha dos 203 mil euros que recebeu em subsídio de deslocação ao indicar a morada em São João da Madeira, não tenham grande efeito nas sondagens. Os socialistas quase conseguiram “mexicanizar” a política portuguesa através do aumento da pobreza e da subsidio-dependência.
O Estado não produz riqueza. Quem cria riqueza são as empresas e os cidadãos. E o dinheiro do Estado advém dos impostos e das taxas que cobra às empresas e aos cidadãos. É com os impostos que faz redistribuição de dinheiro. Um país que por determinação política cada vez cria menos riqueza gradualmente deixará de poder cobrar tantos impostos. Logo, cada vez fará menos redistribuição.
O resultado mais importante que deve emergir das próximas legislativas é uma afirmação inequívoca por uma mudança de paradigma ideológico. Ou seja, é essencial afirmar uma aposta por um modelo de governação que defenda e incentive o crescimento económico, que acabe com os obstáculos legais ao funcionamento do mercado e que elimine os entraves ao aumento de dimensão das empresas. Acham que isto é possível com o PS a esquerda no poder?
As sondagens mostram empates técnicos entre a AD e o PS ou a vitória do PS. Contudo, também indicam uma maioria de direita o que é insuficiente. No actual contexto político, só a derrota do PS servirá para mudar a mentalidade vigente. Convém não esquecer que sem crescimento económico Portugal não tem futuro. Ora, a esquerda e a direita têm visões distintas e é urgente acabar com a visão da governação socialista. A direita acredita nas capacidades dos cidadãos e na sua vontade para terem um melhor futuro. A esquerda defende exactamente o contrário. Não acredita nos cidadãos e quer decidir o que é melhor para estes. Consequentemente, apesar de ser a pobreza, e não a riqueza, que é indecente, a esquerda não pára de extorquir os contribuintes e de impedir que os cidadãos sejam mais ricos.
É inquestionável que o Chega vai crescer (por mérito próprio pode atingir 20% ou mais) e esse crescimento está a ter consequências em todo o espectro partidário. Porém, o Chega crescerá ao ponto de ganhar as eleições de 10 de março? Não é provável. Logo, a vitória vai ser disputada entre a AD e o PS. Neste pressuposto, o voto útil é só na AD, pois:
- Um voto no Chega dará a vitória ao PS.
- Um voto na AD permitirá derrotar o PS.
Os partidos deviam ter sempre em primeira conta o interesse dos portugueses. Neste momento, o que é mais importante? Que o PS perca as eleições ou que o Chega possibilite a vitória do PS?
Como não me parece ser provável que a legislatura que começará a 10 de março dure quatro anos, não me espantaria que se daqui a um ano ou dois o Chega estivesse a disputar a vitória nessas eleições. O Chega, e André Ventura, não ganhariam mais capital e credibilidade política se pusessem agora os interesses do país à frente dos seus interesses pessoais e partidários?
Infelizmente, a verdade é que a direita aparenta estar envolvida numa guerra fratricida sem perceber que só está a beneficiar a esquerda. Desde linhas vermelhas a pré-condições para apoios governamentais, digladiam-se entre si sem se importarem com o principal: tirar a esquerda do poder.
Quem vai liderar a direita é irrelevante. O que é decisivo para o futuro de Portugal é a derrota do PS e da esquerda. Esta é a verdadeira escolha a 10 de março!
E se a derrota da esquerda não se vier a verificar, alguém terá de assumir as responsabilidades por isso.
Seja como for, a escolha é dos eleitores e a expressão da soberania nas urnas deve ser respeitada. Como das eleições emergem sempre consequências é prudente considerá-las antes de votar.