Os pilotos da TAP decidiram esta sexta-feira fazer uma greve a 9 de agosto para contestar o agravamento das condições de trabalho e obrigar o acionista Estado a receber os sindicatos para se discutir a situação da empresa.
“Esta greve de 24 horas é um cartão vermelho ao acionista, que não recebe os sindicatos para discutir a situação, e à empresa, pela sua total desresponsabilização”, disse à agência Lusa o presidente do sindicato dos pilotos, Jaime Prieto.
De acordo com o sindicalista, a administração da TAP tem deixado sair os seus quadros sem fazer nada, tem contratado companhias externas que não asseguram a qualidade da transportadora nacional e nada tem feito para contrariar o descontentamento dos seus trabalhadores.
“Há 5 anos que a empresa tem apresentado resultados positivos mas as condições de trabalho tem-se agravado, o que leva a um grande descontentamento dos trabalhadores”, disse Jaime Prieto.
O sindicalista adiantou ainda que o objetivo da greve de 24 horas é forçar o diálogo para “apurar o que se pode fazer” pela empresa e “apurar responsabilidades”.
Os pilotos da TAP, associados no Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), reuniram-se em Assembleia Geral para analisar a situação na empresa e deliberarem a convocação de uma greve.
O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, Jaime Prieto considerou hoje de manhã que as compensações pelo trabalho extraordinário anunciadas pela TAP “são remendos para males maiores”.
O presidente da TAP, Fernando Pinto, anunciou quinta-feira, numa circular enviada aos trabalhadores, a decisão de adotar “medidas excecionais” para compensar os funcionários pelo trabalho extraordinário realizado desde 01 de junho a fim de minimizar o impacto das perturbações na companhia junto dos passageiros.
Em declarações à Lusa, Jaime Prieto salientou que as medidas anunciadas pela TAP “são remendos para males maiores”, uma vez que a companhia aérea está com “problemas estruturais profundos”.
“As medidas que a TAP está a levar a cabo não se coadunam com aquilo que é o mercado concorrencial e extremamente competitivo em que [a companhia aérea] está inserida. Em 30 anos nunca vimos sair um piloto. Em dois anos e meio saíram 37”, disse, acrescentando que a situação da manutenção “ainda está pior” que a área da pilotagem.
De acordo com Jaime Prieto, a área da manutenção está num descalabro operacional, sem efetivos. Na opinião de Jaime Prieto, o conselho de administração da TAP está a querer vender e aumentar a sua rede comercial de uma maneira “desmesurada”.
Em 2012, os pilotos da TAP tinham marcado uma greve para julho e agosto, que acabou por ser cancelada um dia antes. Na altura, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) anunciava em comunicado que “face ao diálogo que se construiu nos últimos dias, os pilotos decidiram desconvocar os dois períodos de greve previstos (de 5 a 8 de Julho e de 1 a 5 de Agosto)”. Os problemas apontados resolveram-se pelas negociações entre a administração da TAP e o SPAC, “através da importante mediação do Governo”, acrescentavam. Antes do cancelamento, a TAP estimava que a greve ia afetar 97% dos voos programados, ou seja, 307 mil passageiros, e causar prejuízos superiores a 70 milhões de euros.