Os estrangeiros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa a trabalhar em Portugal mandaram mais remessas para os seus países do que os portugueses a operar nestes oito países em 2014, segundo dados do Banco de Portugal.

De acordo com os cálculos da Lusa com base nos dados do Boletim Estatístico, os imigrantes da CPLP (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) em Portugal mandaram para os seus países de origem um total de 296,18 milhões de euros durante os 12 meses do ano passado, o que revela uma quebra de 0,9% face aos 298,72 milhões que tinham conseguido enviar no ano anterior.

Relativamente aos portugueses a operar nos oito países que falam oficialmente a língua portuguesa, a quebra foi maior, na ordem dos 14,7%, passando de 333,34 milhões em 2013 para 284,3 milhões no ano passado.

Assim, enquanto em 2013 o saldo foi positivo em termos de entrada de divisas em Portugal de quase 35 milhões de euros, no ano passado o saldo foi negativo para Portugal em 11,85 milhões de euros, mostrando que os imigrantes destes países a trabalhar em Portugal conseguiram enviar mais dinheiro para os seus países do que os portugueses a trabalhar nos países da CPLP.

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Em todos os países, com exceção do Brasil e da Guiné-Bissau, o valor que os emigrantes portugueses enviaram para o seu país de origem diminuiu no ano passado, com destaque para Angola, que teve uma variação negativa de 18,5%, correspondente a 56,4 milhões de euros de quebra no envio de receitas – de 304,3 milhões de euros em 2013, para 247,9 milhões no ano passado.

A maior variação percentual, ainda assim, vai para São Tomé e Príncipe, com os portugueses lá a enviarem menos 66,7% em 2014 face ao ano anterior, mas em valor o número é pouco significativo: 600 mil euros em 2013 contra 200 mil no ano passado.

Os dois únicos países que escapam à tendência de diminuição no envio de remessas dos emigrantes portugueses são o Brasil e a Guiné-Bissau, que registam subidas de 62,4% e 220%, respetivamente.

Em sentido inverso, ou seja, de imigrantes da CPLP em Portugal, a diferença de valores é pouco significativa, com destaque, ainda assim, para a subida de 820% dos timorenses (100 mil euros em 2013 contra 920 mil no ano passado) e para os equato-guineenses, que registam um aumento de 500% no envio de remessas, que passaram de 20 mil euros em 2013 para 120 mil em 2014).

No total mundial, as remessas enviadas pelos emigrantes portugueses em 2014 subiram 1,3%, ultrapassando os 3 mil milhões de euros, para 3,057 milhões, ao passo que o dinheiro dos imigrantes em Portugal subiu 3,8% para 534,8 milhões de euros.

Os emigrantes em França foram os que mais enviaram dinheiro para Portugal durante o ano passado, totalizando 882 milhões de euros, seguidos de perto pelos portugueses na Suíça, cujas remessas ultrapassaram os 812 milhões de euros.