O vice-presidente social-democrata José Matos Correia criticou esta terça-feira o documento que servirá de base do programa eleitoral socialista, dizendo tratar-se de um “programa do logo se vê” e de um “regresso ao passado”. “A folha de cálculo usada pelos economistas de António Costa parece ser a mesma que foi usada por José Sócrates em 2009 e que nos deixou à beira da bancarrota”, disse o vice-social democrata.
Falando aos jornalistas na sede do PSD, minutos depois de o economista Mário Centeno ter apresentado o documento no Largo do Rato, Matos Correia criticou os socialistas de não pensarem nas consequências e no impacto das medidas que apresentam e de querem “gastar o que não temos porque, no futuro, outros pagarão a conta”. “É uma espécie de PPP, fazer agora e pagar depois”, ironizou.
“O PS troca o certo pelo incerto, corta na receita, aumenta na despesa e tem o palpite de que as coisas se resolverão por si só”, disse.
Matos Correia acrescentou ainda que o caminho escolhido pelo PS “não é credível” porque, se fosse, também o atual Governo o teria escolhido. “Não é uma alternativa real, é uma pseudo-alternativa”, criticou o social-democrata em resposta aos jornalistas, afirmando que vai contra as recomendações de “todas as entidades credíveis”. Em última análise, a consequência, segundo o PSD, vai ser mergulhar novamente Portugal numa situação de défices excessivos.
“Não se consegue criar emprego sustentável se as empresas não forem mais competitivas”, disse Matos Correia, que acrescentou não compreender como é que o PS saiu do acordo da reforma do IRC, que prevê uma baixa significativa da carga fiscal para as empresas. “Se o PS percebesse a importância da criação de emprego não apresentava estas medidas”, atirou.
O vice social-democrata lembrou ainda que o documento hoje apresentado não vai ao encontro daquilo que alguns dirigentes socialistas chegaram a defender, nomeadamente sobre a reposição integral e imediata dos cortes salariais. A deputada Ana Catarina Mendes chegou a defender no Parlamento que o PS, se fosse Governo, iria repor os cortes salariais na íntegra de forma imediata. A posição foi refreada na altura por António Costa e agora, no documento, a proposta é de que a reposição seja feita de forma gradual, mas a um ritmo mais acelerado do que o proposto pelo Governo: 40% ao ano.