A Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR) decretou prisão preventiva para para os 15 jovens detidos desde sábado, 20 de junho, referindo a “inconveniência da liberdade provisória”.
Esta informação foi adiantada pela PGR angolana num comunicado a que a agência Lusa teve acesso. Segundo a Lusa, que se baseia no documento emitido na tarde de quinta-feira em Luanda, o grupo de jovens ativistas “estava a preparar um atentado contra o Presidente da República e outros membros dos órgãos de soberania”.
Segundo a PGR, a investigação deste caso começou depois de ter sido feita “uma denúncia escrita que dava conta da realização de encontros de um grupo de cidadãos, que se reuniam aos sábados à tarde, desde 16 de maio deste ano”. A Lusa escreve ainda que a objetivo daquelas reuniões era iniciar uma movimento de “insurreição e [de] desobediência coletiva”, que queria levar para a frente “a colocação de barricadas nas principais artérias da cidade capital e a queima de pneus em locais de maior afluência de cidadãos estrangeiros”.
A nota refere ainda que os “insurrectos” pretendiam denominar os novos órgãos do Estado por “Governo de Salvação Nacional”, tendo já a indicação dos nomes de futuros titulares dos cargos públicos, constando igualmente os nomes de alguns cidadãos ora detidos.
A versão apresentada na tarde de quinta-feira pela PGR angolana é em tudo diferente da versão apresentada por pessoas afetas aos ativistas detidos no dia 20 de junho. Ao Observador, Laurinda Gouveia, que esteve presente em várias reuniões deste grupo, referiu que o que ali se passava todos os sábados era uma discussão de um livro que propunha soluções pacíficas de combate ao regime de José Eduardo dos Santos.
Na mesma nota, Walter Tavares, advogado de três dos detidos, garantiu ao Observador que a razão destas detenções — que agora culminam em prisão preventiva — é política: “Foram detidas várias pessoas que acreditam que Angola não é uma democracia, mas sim uma ditadura. E a razão das suas detenções são os seus ideais políticos”.