Armando Vara foi detido para interrogatório judicial no âmbito da Operação Marquês mas, como se sabe, não foi o único. O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos passou a noite de quinta-feira no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa e foi levado esta manhã para o Tribunal Central de Instrução Criminal, onde foi interrogado, até cerca das 17h30, pelo juiz de instrução Carlos Alexandre. Vara fica em prisão domiciliária com vigilância eletrónica. É o nono, e mais recente, arguido neste processo.

Foi em novembro de 2014 que os primeiros suspeitos foram constituídos arguidos. As detenções para interrogatório arrancaram com José Sócrates, Carlos Santos Silva, Gonçalo Trindade Ferreira e João Perna. O ex-primeiro-ministro é o único arguido a quem continua a ser aplicada a medida de coação mais grave, permanecendo em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora. Mas por vontade própria: é que em junho, o Ministério Público propôs a alteração da medida de coação aplicada ao antigo governante, mas Sócrates recusou, por carta, a prisão domiciliária. Carlos Santos Silva e João Perna regressaram a casa em prisão domiciliária e liberdade provisória, respetivamente. No leque de arguidos, estão ainda Joaquim Barroca, Paulo Lalanda e Castro, Inês Pontes do Rosário e Diogo Gaspar Ferreira.

  • José Sócrates 

O ex-primeiro-ministro é o único arguido em prisão preventiva até ao momento. A medida de coação aplicada ao antigo governante é a mais grave e José Sócrates está indiciado dos crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais. Está preso no Estabelecimento Prisional de Évora desde novembro de 2014.
Em junho deste ano o juiz de instrução, Carlos Alexandre, propôs a transferência da prisão preventiva para domiciliária. O ex-primeiro-ministro recusou por carta e argumenta que a prisão preventiva não foi fundamentada. Por causa disso, ainda esta quarta-feira, o Tribunal da Relação de Lisboa rejeitou um recurso da defesa de José Sócrates a invocar a nulidade de um despacho do juiz de instrução criminal que manteve o ex-governante em prisão preventiva.
José Sócrates foi detido em novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, quando regressava de uma estadia em Paris.

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  • Carlos Santos Silva

O amigo de José Sócrates é um dos arguidos em prisão domiciliária com pulseira eletrónica, indiciado de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. O ex-administrador do Grupo Lena esteve em prisão preventiva de 24 de novembro de 2014 a final de maio deste ano. Carlos Alexandre decidiu alterar a medida de coação e Santos Silva está em casa desde o final da tarde de dia 22 de maio.

  • João Perna

Em fevereiro deste ano o ex-motorista de Sócrates, indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, viu a sua medida de coação ser alterada para liberdade provisória. Perna passou a ser obrigado a fazer apresentações semanais às autoridades, e está proibido de viajar para fora do país e de contactar os restantes arguidos. João Perna foi detido no final de novembro de 2014 e esteve cerca de um mês em prisão preventiva nas instalações da Polícia Judiciária, para depois regressar a casa com pulseira eletrónica, durante mais ou menos um mês.

  • Gonçalo Trindade Ferreira

Detido na mesma altura que José Sócrates Carlos Santos Silva e João Perna, o advogado é indiciado pelos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, e foi o único arguido a sair em liberdade logo em novembro. Está proibido de contactar com os outros arguidos e de sair do país. Deve ainda apresentar-se, bimestralmente, às autoridades.

  • Joaquim Barroca

O administrador do Grupo Lena está em prisão domiciliária com pulseira eletrónica desde abril de 2015. Indiciado por crimes de corrupção ativa, branqueamento de capitais e fraude fiscal, Barroca foi detido a 22 de abril de 2015, depois de buscas feitas à sede do grupo, em Leiria. Inicialmente, Joaquim Barroca ficou em prisão preventiva no Hospital-Prisão de Caxias devido de problemas cardíacos.

  • Paulo Lalanda e Castro

O administrador da farmacêutica Octapharma, foi constituído arguido no âmbito Operação Marquês em final de fevereiro deste ano, depois de ser ouvido pelo procurador Rosário Teixeira. Lalanda e Castro é suspeito de fraude fiscal e branqueamento de capitais. O administrador da multinacional onde Sócrates trabalhou como consultor, ficou sujeito a termo de identidade e residência.

  • Inês Pontes do Rosário

A mulher de Carlos Santos Silva foi a sétima pessoa a ser constituída arguida no caso, em Abril de 2015 e, como Lalanda e Castro, tem a medida mais leve: termo de identidade e residência. Inês do Rosário é suspeita de ter entregue mais de 120 mil euros em notas, durante oito meses, que tinham como destino o ex-primeiro-ministro.

  • Diogo Gaspar Ferreira

O oitavo arguido é o presidente da empresa gestora de Vale do Lobo, o resort algarvio – negócio a que Armando Vara deverá ter estado ligado quando ainda era administrador da CGD. O empresário foi interrogado pelo DCIAP a 12 de junho a pedido do próprio, avançava o Expresso na edição dessa semana.

  • Armando Vara

Vara foi detido ao final da tarde desta quinta-feira, passou a noite no Comando Metropolitano da PSP de Lisboa e depois de ser ouvido pelo juiz de instrução, Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal, ficou em prisão domiciliária com pulseira eletrónica. O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e do Millenium BCP é suspeito de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Em causa, estará o envolvimento da CGD no processo de Vale do Lobo, na altura que Vara era administrador do banco público.