Primeiro foram as negociações para a cobertura jornalística das eleições, agora as próprias negociações sobre que debates afinal vão acontecer. Os frente-a-frente foram a principal pedra no sapato para que PSD, CDS e PS chegassem a acordo para a aprovação da nova lei, mas a aprovação não foi suficiente para acabarem os problemas. Agora, passam culpas sobre quem está a boicotar os diferentes modelos e a pouco mais de um mês das eleições apenas estão certos alguns confrontos.

Esta sexta-feira o assunto voltou a cima da mesa com um comunicado da coligação PSD/CDS a afirmar que Passos Coelho (como líder da coligação) não iria estar presente no debate de dia 22 de setembro, entre PàF, PS, PCP e BE, e com a decisão de ser Paulo Portas a ir a debate com o líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Depois desta decisão, os restantes partidos reagiram. Catarina Martins do Bloco de Esquerda acusou a coligação de estar a quebrar um acordo dos debates que tinha sido firmado no início de Agosto. Já Jerónimo de Sousa deixou para mais tarde uma decisão sobre o debate com todos e também aquele que agora está marcado com Paulo Portas (em vez de Passos Coelho). O último a reagir foi o PS, pela voz do secretário nacional do partido, Porfírio Silva, que acusou também a coligação de estar a fazer batota.

Porquê tanta confusão? Porque os partidos têm interesses diferentes neste jogo dos debates: o PS começou por recusar debater com Portas, por ele ser o número dois de uma coligação; o PCP exigiu que, havendo Portas nos debates, teriam também de estar os Verdes, com quem vai coligado; daí Passos decidiu dar a mão ao CDS, abdicando de um debate (com Jerónimo) para deixar Portas marcar presença nos duelos. O PCP, claro, não gostou.

No meio disto estão as televisões, para quem o essencial era ter os duelos Passos-Costa fechados (que ficaram, aliás, partilhados pelas 3, todas em simultâneo). Tendo proposto inicialmente que Portas estivesse, os diretores de informação viram na recusa de Costa em ter o CDS à mesa um obstáculo – e não insistiram mais nisso. Contra a coligação, que defendia que o lugar de Costa devia, nesses casos, ficar vazio.

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E em que ponto estamos agora? A semana e meia de começarem, há sete debates confirmados – seis nas televisões (cinco apenas com datas indicativas) e um nas rádios:

CONFIRMADOS E COM DATA CERTA

9 de setembro – Passos Coelho e António Costa debatem pela primeira vez num modelo também ele inédito. As três televisões, SIC, TVI e RTP chegaram a um acordo para fazerem um debate a transmitir em simultâneo nos três canais. Este é também o debate que acontece em cima da data de reavaliação da medida de coação de José Sócrates.

Por fim há outro debate também ele com um modelo diferente:

17 de setembro – Os dois líderes dos principais partidos, Passos Coelho e António Costa, voltam a encontrar-se, mas desta vez na rádio. As três rádios de notícias, Rádio Renascença, TSF e Antena 1 concordaram num modelo em que transmitem em simultâneo o frente-a-frente que encerra o ciclo de debates.

COM DATA INDICATIVA

1 de setembro – Jerónimo de Sousa e Catarina Martins debatem as diferenças entre as propostas da CDU e do Bloco de Esquerda.

2 de setembro – No dia a seguir, a líder do BE volta à televisão para debater com o líder do PS. Vai ser a estreia de António Costa nos debates.

3 de setembro – António Costa irá debater com Jerónimo de Sousa.

8 de setembro – Até ao início de Agosto, o frente-a-frente com Catarina Martins era o único debate em que Paulo Portas apareceria. O BE foi o único partido a aceitar um debate com o líder do CDS.

11 de setembro – Neste dia, o primeiro-ministro Passos Coelho, aqui na pele de líder da coligação PAF, encara o debate com a líder do BE, Catarina Martins.

Os frente-a-frente têm a duração de uma hora e começam a ser transmitidos às 21.15, na televisão que lhes cair em sorteio. Aqui não serão nas generalistas, mas nas de notícias, SIC Notícias, RTP Informação e TVI24.

DOIS DEBATES EM DÚVIDA

10 de setembro – Para este dia, estava agendado o confronto entre Jerónimo de Sousa e Pedro Passos Coelho. Contudo, a coligação enviou esta sexta-feira um comunicado em que referia que para este debate, a coligação se faria representar por Paulo Portas. O líder do PCP não gostou e acusou o primeiro-ministro de estar a “fugir” ao debate com a CDU e remeteu para mais tarde uma posição sobre o que fazer.

22 de setembro – Estava acordado um debate entre os quatro maiores candidatos às eleições: Passos Coelho, António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. A coligação PSD/CDS diz agora que não participa neste debate por não estar assegurada a participação de todos os líderes de partidos com assento parlamentar, o que incluiria Paulo Portas e Heloísa Apolónia, pelo PEV (que concorre com o PCP em coligação). O PS e o PCP não querem este modelo, resta agora saber se tanto os partidos como as televisões aceitam um debate apenas com PS, PCP e BE.

Este era o calendário acertado entre as televisões, rádios e partidos, contudo, tendo em conta as movimentações desta sexta-feira, eles podem nem acontecer.