O príncipe herdeiro da Arábia Saudita e ministro da Defesa daquele país referiu que “tem havido progressos significativos” nas negociações para terminar a guerra no Iémen. A Arábia Saudita lidera uma coligação internacional (que engloba vários países da península arábia e também os EUA) que combate com bombardeamentos aéreos os rebeldes hutis, alegadamente apoiados pelo Irão.
“Tem havido progressos significativos nas negociações e temos tido um bom contacto com os hutis, que têm neste momento uma delegação em Riade”, disse o príncipe Mohammed bin Salman, citado pela Bloomberg. Apesar disso, ainda nada está resolvido: “Estamos a tentar materializar esta oportunidade no terreno, mas se as coisas falharem, estaremos prontos”.
O Iémen tem sido um dos focos das guerras por procuração entre o Irão e a Arábia Saudita, naquilo que é uma disputa pelo controlo geopolítico da região do Médio Oriente — uma luta onde a religião também não é esquecida, tendo em conta o confronto entre sunitas (Arábia Saudita) e xiitas (Irão).
Bombardeamentos já mataram 6 mil pessoas
Para entender o conflito no Iémen é preciso recuar até 2011, quando Ali Abdula Salé, o ditador que governava o país desde 1990 (em 1978 já liderava o Iémen do Norte, antes da unificação com o Sul) saiu do poder, no contexto dos protestos da Primavera Árabe. Salé deu o poder a Mansur Haidi, que governo ou até janeiro de 2015. Foi nessa altura que os hutis (rebeldes xiitas) tomaram o parlamento, leais a Salé, que quer voltar para o poder, e alegadamente com o apoio logístico do Irão. Desde então, Mansur Haidi está exilado na Arábia Saudita.
As duas partes do conflito acordaram um cessar de hostilidades, agendado para 10 de abril. Poucos dias depois, a 18 de abril, vão estar reunidas no Kuwait em negociações de paz.
Segundo as Nações Unidas, os bombardeamentos aéreos da coligação liderada pela Arábia Saudita já mataram 6 mil pessoas — entre estes, estima-se que mais de 2 mil crianças tenham morrido ou sido feridas pelos bombardeamentos sauditas e dos seus aliados. A ação militar da coligação também já criou 2,4 milhões de deslocados internos.
O Iémen é o país mais pobre da península arábica e a escassez de recursos hídricos, bem como uma deficiente gestão dos mesmos, indicam que Sana’a pode tornar-se na primeira capital do mundo a ficar sem água já em 2025.