No mesmo dia em que vai fazer o seu primeiro discurso de Estado da União, perante o Congresso, Donald Trump deu uma entrevista à Fox News em que acusou o seu antecessor, Barack Obama, de estar “por trás” da onda de manifestações que têm acontecido contra a atual administração norte-americana e que têm confrontado congressistas republicanos nos seus próprios estados.

“Eu acho que o Presidente Obama está por trás disso, porque algumas das suas pessoas estão, certamente”, disse, depois de o próprio entrevistador ter dito que “parece que a organização dele [Obama] está a organizar muitos dos protestos contra republicanos”. A entrevista em questão foi dada ao programa “Fox and Friends” da Fox News, de conhecido pendor conservador e pró-republicano.

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“Algumas das fugas de informação [da Casa Branca] possivelmente partiram daquele grupo. Algumas são fugas muito sérias, que são muito más em termos de segurança nacional”, acrescentou Donald Trump.

Em causa está o apelo lançado pelo grupo Organizing for Action — fundado em 2013 e liderado por algumas personalidade próximas da equipa de campanha eleitoral de Barack Obama em 2008 e 2012, como é o caso de Jim Messina — ou a iniciativa Indivisible, onde antigos funcionários de congressistas democratas ensinam os cidadãos comuns a fazer oposição a nível local que pode ter um impacto nacional.

“A política é assim”, disse. “Não estou muito surpreendido, porque eu sei como é que o mundo funciona.”

Nesta entrevista, Donald Trump voltou a falar sobre os media, com quem tem mantido uma relação tensa e que, na semana passada, culminou na proibição de órgãos como o The New York Times, a CNN, o Politico ou o Los Angeles Times de estarem presentes no briefing semanal para os jornalistas da Casa Branca.

Jornalistas do The New York Times, CNN, Politico e outros proibidos de entrar no briefing da Casa Branca

Rotulando alguns media de “desonestos” — Donald Trump fez questão de dizer que esse não era o caso da Fox News —, o Presidente dos EUA explicou que o seu recurso constante às redes sociais, sobretudo o Twitter, é uma maneira de “contornar” os jornalistas de alguns órgãos. “[As redes sociais] permitem-se fazer isso, porque o número de seguidores é tão grande”, explicou. “Permite-se dar a minha mensagem sem que ela seja distorcida por pessoas que a vão transmitir de uma maneira diferente do que aquela que eu pretendo.”

As redes sociais, garante, continuarão a ser um dos seus meios de comunicação, até porque não vê sinais de o panorama mediático melhorar na sua perspetiva. “Se eu sentisse que os media eram honestos, todos ou quase todos, eu não o faria”, diz, acrescentando que aqueles que querem que ele deixe de usar as redes sociais — ou que pelo menos pedem que ele abrande o uso que faz delas ou o tom com quem o faz — são “os inimigos”.

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Donald Trump tem duas contas de Twitter. A mais antiga e a que usa com mais frequência, conta com 25,7 milhões de seguidores. A segunda, que é a sua conta oficial enquanto Presidente dos EUA, tem 15,7 milhões de seguidores.

Na entrevista à Fox News, quando lhe perguntaram o que é o tinha impressionado mais nas mais de quatro semanas que leva na Casa Branca, Donald Trump falou na “dimensão de tudo”, nomeadamente dos “números”.

“Os números são tão grandes. [Fora da Casa Branca] Compra-se um avião, mas aqui compram-se 3500 aviões”, disse. “O tamanho dos números é verdadeiramente assombroso.”