O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, afirmou ser contra a realização e eleições primárias no partido, reafirmando o seu apoio ao atual líder do partido, Pedro Passos Coelho. Admitindo não concordar com “essa ideia”, Montenegro disse nunca ter sido “um grande adepto das eleições primárias”.

“Creio que o PSD não precisa de legitimar as suas lideranças por essa via. Não há no panorama político e partidário português essa tradição e a experiência que houve no Partido Socialista foi um perfeito fracasso”, salientou, à margem da IX Academia de Jovens Autarcas, que decorreu este domingo em Leiria.

O presidente do grupo parlamentar do PSD precisou que “se a ideia [do PS] era que houvesse uma mobilização muito grande e representativa de um sentir do povo português, isso caiu por terra, porque o Dr. António Costa ganhou as eleições primárias e perdeu — e por muito — as eleições legislativas”. Ou seja, “não radicou na realização de eleições primárias nenhum movimento político especial dos eleitores”.

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Reconhecendo que o ex-governante Miguel Relvas não é a única pessoa no partido a defender as primárias, Luís Montenegro sublinhou: “Sou contra essa ideia”. Para o líder parlamentar social-democrata, o sistema político e partidário português não precisa de discutir as eleições primárias, mas sim de “saber se nós queremos um sistema político eleitoral no qual as pessoas quando votam nas eleições legislativas, para além de escolherem deputados, escolhem também uma liderança governativa e um projeto base de governação”.

“Isso aconteceu sempre nas eleições legislativas em Portugal, mas não nas últimas”, disse ainda, defendendo que “o povo tem direito a escolher a liderança do Governo e a escolher a base do programa da governação”.

Sobre o facto de alguns apontarem Luís Montenegro como o futuro líder do PSD, o próprio afirmou estar ao lado do presidente do partido, Pedro Passos Coelho. “O partido tem uma liderança e uma liderança muito estável. Terá congresso no próximo ano e se alguém quiser disputar essa liderança acho que deve fazê-lo, se sentir essas condições.”

“A minha posição também é conhecida: apoio o Dr. Pedro Passos Coelho e quero com ele construir um caminho de afirmação política do PSD, que tem como objetivo vencer as terceiras eleições legislativas consecutivas e podermos dar ao país uma governação bem mais ambiciosa do que aquela que temos hoje”, acrescentou.

“Este é um primeiro-ministro da herança, não é um primeiro-ministro da mudança”

Montenegro considerou ainda que o “país e o governo contentam-se com pouco, quando é motivo de regozijo do primeiro-ministro poder dizer ao país que o rating da república continua como está, em vez de ambicionar a melhoria desse rating, porque essa melhoria teria um impacto económico muito significativo e permitiria que o país se pudesse financiar a um custo menos oneroso”.

Lamentando que António Costa se “circunscreva a ficar satisfeito com a situação atual, tal como ela está, em vez de ambicionar mais crescimento, na esteira daquilo que tem sido a sua posição de ir alicerçando a sua governação, não naquilo que já foi capaz de acrescentar em valor ao país, mas naquilo que herdou do governo anterior”, defendeu que “este é um primeiro-ministro da herança, não é um primeiro-ministro da mudança e do crescimento”.