António Costa não mencionou Manuel Pizarro, mas não era preciso — o nome do líder do PS/Porto estava na cabeça de todos. No encerramento da convenção autárquica do PS, em Lisboa, o secretário-geral socialista carregou na mensagem:

Assim como não há vitórias antecipadas, também não há derrotas antecipadas. O PS quando entra em jogo, entra sempre em jogo para ganhar”.

Depois de Rui Moreira ter perdido a paciência com os socialistas e ter prescindido do apoio do PS na corrida às eleições autárquicas de 1 de outubro, Manuel Pizarro, vereador socialista e um dos que mais pressão fez para que o PS apoiasse Moreira, foi obrigado a avançar como candidato contra o atual presidente da Câmara. Uma solução de recurso, decidida na reunião da concelhia socialista de sexta-feira à noite e que deixa o PS numa situação desconfortável: como é que o vereador de de Rui Moreira — e confesso apoiante das políticas seguidas pelo autarca — vai derrotar o independente?

Apesar de não se pronunciar diretamente sobre o caso — já o tinha feito antes do início da convenção –, António Costa foi claro: “A nossa ambição é ganhar estas eleições autárquicas”. E o que significa isso? Manter a presidência da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e de Freguesias (ANAFRE), assim como as 150 câmaras e as 1282 juntas de freguesia conquistadas nas autárquicas de 2013.

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António Costa pressiona partidos com descentralização

O líder socialista acabou por centrar grande parte do seu discurso nas vantagens de um processo decidido e empenhado de descentralização para entregar “mais e melhores competências” ao poder local.

O primeiro-ministro pressionou, de resto, os restantes partidos a entrarem na discussão de um forma construtiva. “A descentralização não pode ser uma reforma do PS, tem de ser uma reforma de todos.”

O objetivo de António Costa é ter este diploma pronto para ser aprovado até às próximas eleições autárquicas para que o reforço de competências das autarquias não sejam entendidas como uma bênção a “A ou a B”. A ideia é que a reforma possa entrar em vigor “em todas as câmaras” no dia 1 de janeiro de 2018.