O deputado Carlos Páscoa Gonçalves (PSD) disse esta terça-feira que as autoridades da Guiné Equatorial mostraram-se muito interessadas no ensino da língua portuguesa, durante a viagem que realizou àquele país, mas considerou que os avanços realizados neste campo são restritos.

“(O ministro da Educação equato-guineense mostrou-se) muito interessado no ensino do português. Falou da renovação que fizeram com o instituto Camões, na qual passarão a ter três professores formadores”, disse à Lusa o deputado social-democrata, eleito pelo círculo da Emigração Fora da Europa.

Ainda segundo o deputado português, estes três professores do Camões — Instituto da Cooperação e da Língua “irão formar outros professores e, partir desta base, ter uma quantidade de professores para que possam ter um programa mais alargado” de língua portuguesa. “Pessoalmente, ainda acho pouco, apesar de estarem muito empolgados com esta possibilidade de ter os três professores formadores de nível superior, é realmente um passo importante, mas obviamente é pouco”, declarou.

“Temos que levar as autoridades da Guiné Equatorial a um maior investimento, não só nos formadores, mas a aproveitar a disponibilidades que apresentamos, por exemplo, nos moldes que realizamos com Timor-Leste, que está a dar grandes frutos”, acrescentou o parlamentar social-democrata.

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Páscoa Gonçalves disse que realizou esta visita à Guiné Equatorial, na semana passada, enquanto presidente da 3.ª comissão — que é a comissão da Língua, Cultura e Educação — da Assembleia Parlamentar da CPLP. “O importante é sempre chamar a atenção para a Guiné Equatorial ter um programa bastante denso de ensino da língua portuguesa. Eles têm hoje na sua Constituição três línguas oficiais, o espanhol, o francês e o português, mas o número de pessoas que fala a língua portuguesa é muito residual”, sublinhou.

Para o deputado do PSD, “é preciso estar atentos e pressionar para que se façam mais investimentos no ensino da língua portuguesa, pois este é um ponto crucial”. “Há algo que eu considero importante e que nós temos que ajudar a Guiné Equatorial. Na realidade, eles têm muito pouca experiência na organização destes encontros, destes programas, isso é típico de países que vivem mais fechados dentro de si próprios”, referiu.

“Temos que pressioná-los, no interesse deles, para o cumprimento dos projetos assumidos quando entraram como membros de pleno direito (na CPLP)”, assinalou. Segundo Páscoa Gonçalves, “o ensino da língua portuguesa em larga escala é um destes objetivos e tem de ser cumprido”.

Na reunião com o ministro da Educação da Guiné Equatorial, Carlos Páscoa Gonçalves também apresentou o “Programa Pessoa”, que um projeto de mobilidade de estudantes de nível superior dentro da CPLP, uma espécie de “Erasmus”. “Tive uma reunião com o ministro para solicitar, obviamente, o apoio para o programa. Eu entendo que esta parte da mobilidade, principalmente dos alunos do ensino superior poderem fazer uma parte do curso num outro país da CPLP é muito importante para criarmos laços de maior densidade entre os países da CPLP”, disse.

O encontro previsto com os parlamentares da Guiné Equatorial e com os representantes equato-guineenses na Assembleia Parlamentar da CPLP não se realizou porque a reunião com o ministro da Educação decorreu em Malabo e o Parlamento localiza-se em Bata e não houve possibilidade de contacto. “O que foi uma pena”, lamentou o parlamentar social-democrata. A Guiné Equatorial tornou-se membro efetivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014, durante a cimeira do bloco em Díli.